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Aperto monetário

BCE eleva taxas de juros em 25 pontos-base para combater inflação persistente

Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, no geral, dados seguem apoiando as perspectivas de inflação da reunião anterior.

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05 de maio de 2023
Vinicius Palermo
BCE eleva taxas de juros em 25 pontos-base para combater inflação persistente
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde,: “juros continuarão altos“

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu elevar suas principais taxas de juros em 25 pontos-base, após concluir reunião de política monetária na quinta-feira, 4, à medida que a inflação na zona do euro segue persistente e bem acima da meta oficial de 2%. Com a decisão, a taxa de refinanciamento do BCE passará de 3,50% a 3,75%, a de depósitos, de 3% a 3,25%, e a de empréstimos, de 3,75% a 4%.

Analistas estavam divididos entre uma alta de 25 pontos-base e um aumento mais agressivo, de 50 pontos-base, que seria igual ao da reunião anterior do BCE, em março. Segundo o BCE, a inflação na zona do euro desacelerou nos últimos meses, mas as “pressões de preços subjacentes continuam fortes”.

“Futuras decisões vão garantir que as taxas de juros sejam levadas a níveis suficientemente restritivos para garantir o retorno oportuno da inflação à meta de médio prazo de 2%”, disse o BCE em comunicado.
O Banco Central Europeu também afirmou que reinvestimentos feitos sob o programa APP de compra de ativos serão encerrados em julho.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou, em coletiva de imprensa que as próximas decisões de juros da instituição seguirão sendo baseadas nas perspectivas de inflação e na situação do cenário financeiro.

Segundo ela, no geral, dados seguem apoiando as perspectivas de inflação da reunião anterior, com projeções de que a taxa inflacionária siga elevada por muito tempo.

A presidente também destacou que, caso haja pressões inflacionárias, haverá resposta da política monetária, de forma que “juros serão mantidos em nível elevado pelo tempo que for necessário”.

Ainda, Lagarde destacou que identifica que a inflação segue apoiada pela alta anterior dos preços de energia, como também gargalos em cadeias, e que as pressões sobre os preços seguem elevadas.

Ela destacou que, apesar da meta “única” do BC europeu ser a de inflação a 2% ao ano, a autoridade monetária continuará a monitorar o aperto no crédito, que podem ocorrer devido às “renovadas tensões nos mercados financeiros”.

De acordo com Lagarde, o setor bancário da zona do euro vem se mostrado “resiliente e mensurável”, com o caso do banco Credit Suisse contando com uma reação rápida de autoridades da Suíça. Entretanto, apesar de afirmar que a zona do euro está “longe” de uma crise de crédito, a presidente afirmou que os empréstimos podem “enfraquecer ainda mais” e que os juros altos estão restringindo a busca de crédito por empresas, diminuindo a demanda.

A banqueira central também declarou que não vê motivo para não acelerar a redução do balanço patrimonial da zona do euro, de forma ele seguirá sendo reduzido “em ritmo previsível e mensurável”.
Lagarde também destacou que os reinvestimentos no programa APP de compra de ativos terminarão em julho, tendo sido bem absorvido nos mercados.

A presidente do Banco Central Europeu reconheceu que a guerra na Ucrânia segue sendo um fator de risco para a inflação da zona do euro, podendo novamente pressionar os preços de energia e alimentos.

“A guerra na Ucrânia também é risco à perspectiva econômica e pode puxar de novo preços de energia e alimentos”, destacou Lagarde.