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Adulteração

Lira diz que situação de Bolsonaro exige cautela

Lira avaliou que talvez a direita tenha mais chance de vencer a disputa tendo Bolsonaro como cabo eleitoral de Tarcísio.

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03 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Lira diz que situação de Bolsonaro exige cautela
Lira disse que uma nova eleição presidencial ainda está distante, mas avaliou que retirar os efeitos políticos de Bolsonaro pode garantir um fortalecimento da direita.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na quarta-feira, 3, que a operação deflagrada na quarta-feira, 3, pela Polícia Federal (PF) para investigar suposta adulteração de cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro é preocupante do ponto de vista sanitário, mas requer cautela do ponto de vista político.

“Não precisamos de acirramento político e social mais nesse País (…) providências têm que ser tomadas, isso está claro a nível da Justiça”, afirmou Lira. Ele disse esperar que o tema seja tratado com seriedade e que a Justiça aja com tranquilidade, já que se trata de um ex-chefe do Executivo, assim como ocorreu com o ex-presidente Michel Temer (MDB).

Lira disse ainda que uma nova eleição presidencial ainda está distante, mas avaliou que retirar os efeitos políticos de Bolsonaro pode garantir um fortalecimento da direita.

Ao comentar sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o presidente da Câmara avaliou que talvez a direita tenha mais chance de vencer a disputa tendo Bolsonaro como cabo eleitoral de Tarcísio do que o próprio ex-presidente como candidato.

A PF fez buscas na casa do ex-presidente na manhã de quarta-feira e prendeu o tenente coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, e outros assessores do ex-presidente. Na operação, os investigadores apreenderam o celular de Bolsonaro.

De acordo com a PF, com a alteração foi possível a emissão de certificados de vacinação com seu respectivo uso para burlar restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia.

Bolsonaro deixou o País em 30 de dezembro do ano passado, sem passar a faixa para Luiz Inácio Lula da Silva, e passou uma temporada de três meses nos Estados Unidos.

Após a operação, o ex-presidente se disse “surpreso” com a ofensiva e alegou “não existe adulteração de sua parte” e “que nunca lhe foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum”. Ele reafirmou que não tomou nenhuma vacina contra a covid-19.

Lira admitiu ainda ter chamado o Executivo para debater a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, mas não houve ninguém que desse retorno. “Eles jogam foras oportunidades”, disse. Lira acrescentou que ministros chegaram a se posicionar contrários ao colegiado, mas o governo não agiu com rigor.

“Ministros sinalizaram contra, mas o governo não age com rigor. Movimento dos sem terra precisa se ater ao que ele defende, e o que ele defende nós não somos contra, que é uma agricultura familiar responsável, um assentado tendo condições ao financiamento, assistência técnica, escoamento de produção, com suas obrigações também”, disse.

Lira avalia que as invasões de terras produtivas “vão causar” e a “turma do agro está amedrontada, apavorada e armada”. “É perigoso esse movimento, é ruim para o governo”, avaliou. Ele disse, por outro lado, que se a CPI se ater ao objeto, não haverá crise.

O presidente da Câmara afirmou também que o plenário da Casa vai continuar funcionamento independentemente das instalações de comissões parlamentares de inquérito, especialmente na tramitação de pautas econômicas, como arcabouço fiscal e reforma tributária.

“Primeira obrigação é não deixar assuntos da CPMI poluir plenário, na Câmara não vai”, afirmou. Ele disse acreditar que as discussões sobre o novo arcabouço não estão em risco. “Estou trabalhando para que não (fique em risco)”, reforçou, ao dizer que a polarização neste debate está sendo preservada.

Ele reforçou que o novo marco fiscal é um projeto para o País e que questões que faltaram no texto apresentado pelo governo serão corrigidas nas Casas legislativas. “Estou com relator na minha casa, parte técnica da Câmara, vou ver o relatório que vai ser disponibilizado para imprensa hoje já com sugestões, modificações que por certo a Câmara e Senado vão ter que fazer”, afirmou.