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Isolamento

França ajuda na evacuação de funcionários do Sudão 

Do total de 400 pessoas movimentadas pela Marinha da França, cerca de 350 deixaram a cidade de Porto Sudão.

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29 de abril de 2023
Vinicius Palermo
França ajuda na evacuação de funcionários do Sudão 
França tenta ajudar no movimento de fuga em massa do Sudão.

Tropas francesas transportaram 70 soldados de paz, funcionários e trabalhadores humanitários da ONU do Sudão na noite de quinta-feira de al-Fasher para a capital do Chade, N’Djamena. Do total de 400 pessoas movimentadas pela Marinha Francesa, cerca de 350 deixaram a cidade de Porto Sudão para Jeddah, na Arábia Saudita, na terça-feira. 

Milhares de pessoas ficaram isoladas após a escalada dos combates entre os militares e os paramilitares da Força de Apoio Rápido, RSF, que começaram em 15 de abril. Horas depois de um novo cessar-fogo de três dias, a capital e outras localidades registram conflitos, informaram agências de notícias na sexta-feira. 

Em nota emitida pelo seu porta-voz, o secretário-geral António Guterres informa que os militares franceses transportaram dezenas de funcionários da organização, seus dependentes e pessoal de entidades de auxílio internacional. 

O enviado Volker Perthes permanece no Sudão com um reduzido grupo de funcionários das Nações Unidas. 

Ainda na sexta-feira, o Escritório de Direitos Humanos da ONU anunciou que a situação no país piora de forma dramática. Centenas de milhares fugiram e outras mais continuam presas pelos combates ou enfrentam escassez aguda de bens básicos.  

O apelo às partes é para que cessem os ataques de imediato, priorizando a proteção de civis. Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4,2 mil ficaram feridas desde o início dos confrontos no Sudão há quase duas semanas. O número das vítimas pode ser muito maior, segundo a entidade da ONU. 

A relativa diminuição de combates em algumas áreas permite a fuga de mais civis em busca de segurança, mas há relatos de abusos dos direitos humanos contra pessoas em movimento como atos de extorsão.  

O coordenador humanitário interino no Sudão, Abdou Dieng, contou que milhões de civis estão “extremamente vulneráveis” e precisam urgentemente de comida, abrigo, água potável e assistência médica. 

Ele revelou que a ONU pediu US$ 1,7 bilhão aos doadores para ajudar os necessitados, mas recebeu apenas US$ 200 milhões, menos de 12% do total necessário. 

Dieng falou do saque de casas, escritórios, carros, armazéns e os poucos alimentos que existiam nos armazéns humanitários, numa situação “bastante preocupante”. 

O chefe humanitário estima que 60% de unidades de saúde no Sudão foram fechadas ou destruídas. De acordo com o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, nove crianças foram mortas e 50 ficaram feridas durante o conflito. 

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, estima que 33 mil refugiados fugiram de Cartum para acampamentos no Estado do Nilo Branco. Pelo menos 2 mil seguiram para a área de Gedaref e outros 5 mil para Kassala. 

Milhares de recém-chegados são registrados em nações vizinhas, como Chade, Sudão do Sul, Egito, República Centro-Africana e Etiópia. A situação de segurança forçou o Acnur a interromper suas operações de ajuda na capital sudanesa e nas zonas oriental e ocidental de Darfur e Kordofan do Norte. 

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, disse que milhões de pessoas em toda a região podem passar fome devido à situação no Sudão.  

Dentro do país, a insegurança associada aos saques de suprimentos e veículos transportando ajuda priva os mais vulneráveis de receber assistência essencial. 

Cerca de um terço da população do Sudão, ou 15,8 milhões de pessoas, já precisava de ajuda antes do início dos combates. O Plano de Resposta Humanitária orçado em US$ 1,7 bilhão, continua com apenas 13,5% de financiamento.