Mundo
Juros altos

Maioria das Bolsas da Europa fecha em baixa, com balanços

O dia na bolsas contou ainda com a divulgação da ata do encontro mais recente da autoridade monetária europeia.

Compartilhe:
20 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Maioria das Bolsas da Europa fecha em baixa, com balanços
As bolsas europeias foram impactadas pelos balanços

As bolsas da Europa fecharam na maioria em baixa na segunda-feira, 20, em uma sessão na qual foram pressionadas pela divulgação de balanços que levaram a recuos relevantes nas ações. Além disso, um indicador apontou uma inflação persistente na Alemanha, enquanto dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) sinalizaram uma continuidade na alta de juros. O dia contou ainda com a divulgação da ata do encontro mais recente da autoridade monetária, e analistas observaram sinais que apontam para novas altas nas taxas.

No setor corporativo, a ação da Renault recuou 7,64% em Paris, após a montadora francesa ter publicado balanço. O resultado ajudou a pressionar o CAC 40, que caiu 0,14%, a 7.538,71 pontos. A companhia registrou alta na receita no primeiro trimestre e reafirmou projeção financeira para este ano, mas também advertiu que continua a enfrentar problemas logísticos. Mineradoras estiveram sob pressão em Londres, com Rio Tinto tendo baixa de 1,34% após divulgar relatório de produção. O FTSE 100 subiu 0,05%, aos 7.902,61 pontos.

Na agenda de indicadores, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 7,5% em março, na comparação anual. O resultado mostra desaceleração considerável, após ganho de 15,8% visto em fevereiro, mas segue em nível forte Em Frankfurt, o DAX caiu 0,61%, aos 15.795,97 pontos. Já em Milão, o FTSE MIB caiu 1,10%, aos 27.627,12 pontos. Em Madri, o IBEX 35 teve baixa de 0,47%, aos 9.450,10 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 caiu 1,00%, aos 6.159,96 pontos. Neste cenário, o Stoxx 600 recuou 0,16%, aos 467,36 pontos.

O BCE pode ter de elevar os juros em maio e também em junho e julho, afirmou Klaas Knot, dirigente da instituição. Em um evento, Knot disse na quinta que é “muito cedo para falar em uma pausa” no aperto monetário. Segundo ele, para essa pausa ocorrer é preciso haver uma “reversão convincente na dinâmica do núcleo da inflação”. Knot afirmou que “não está desconfortável” com a atual precificação do mercado, de alta de mais 75 pontos-base nos juros pelo BCE.

Os dirigentes do banco consideraram, na mais recente reunião de política monetária, que as tensões financeiras recentes eram “fonte de incerteza significativa” para o crescimento econômico e também a inflação. A ata aponta que o comando do BCE reforçou que reagirá aos dados, mas também mostra que houve um acordo na reunião para sinalizar que, caso não tivesse havido a turbulência, o cenário-base seria de elevação maior nos juros.

A ata mostra que, em caso de maior calma no setor bancário, a inflação voltaria ao primeiro plano na preocupação dos dirigentes. Eles enfatizaram na reunião o fato de que ela seguirá “muito elevada por muito tempo”, reforçando a necessidade de manter política monetária apertada para conter a trajetória dos preços. O BCE ainda vê alguns riscos de alta para a inflação, e também riscos de baixa para o crescimento.

Os dirigentes avaliaram que houve algumas surpresas positivas em indicadores, mas também números acima do esperado na inflação, sobretudo em seu núcleo. Isso levou a uma reprecificação mais persistente por parte dos mercados sobre a trajetória dos juros, destaca a ata.

O BCE considera ainda que as condições de liquidez permanecem “sólidas” e os dirigentes também acreditam que o sistema bancário europeu é sólido. Sobre a economia global, eles viam sinais de estabilização, com a reabertura da China provavelmente apoiando o quadro, mas também com atividade “contida” no curto prazo no mundo. Na zona do euro, o aperto nas condições financeiras decorrente das altas de juros do BCE já começava a provocar efeitos “mensuráveis” na economia, aponta a ata.

Para a Capital Economics, a ata da última reunião de política do BCE, que ocorreu poucos dias após o colapso do Credit Suisse, confirma que foi apenas a turbulência do setor bancário que impediu os formuladores de políticas de sinalizar novas altas de juros. “Como esses problemas bancários já diminuíram, acreditamos que o BCE aumentará as taxas em mais 100 pontos-base nos próximos meses, para um pico de 4,0%”, projeta.