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Atos golpistas

Moraes vê ‘atuação incompetente’ do GSI e manda PF tomar depoimento de G. Dias

Moraes intimou o ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, para identificar todos os servidores civis e militares presentes no vídeo.

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20 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Moraes vê ‘atuação incompetente’ do GSI e manda PF tomar depoimento de G. Dias
O ministro Alexandre de Moraes destacou que já mandou, no mesmo dia dos atos golpistas, a PF obter todas imagens de câmeras de segurança do DF do dia 8 de janeiro.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu 48 horas para a Polícia Federal (PF) ouvir o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias. Também determinou a identificação e a oitiva de todos os militares que apareceram no vídeo revelado pela CNN na quarta, 19, caso já não tenham sido ouvidos, também em 48 horas.

Moraes intimou o ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, para identificar em até 24 horas todos os servidores civis e militares que aparecem nas imagens.

Capelli é secretário executivo do Ministério da Justiça e também assumiu o cargo de interventor federal na segurança pública do Distrito Federal após os atos golpistas de 8 de janeiro deste ano. Ontem, depois do pedido de exoneração de Gonçalves Dias, Capelli foi nomeado ministro interino e secretário executivo do GSI.

As imagens da área interna do Palácio do Planalto mostraram Gonçalves Dias interagindo com os golpistas durante a invasão do local, em 8 de janeiro. O escândalo levou o então ministro a pedir demissão ainda na tarde de ontem.

“A imprensa veiculou gravíssimas imagens que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”, apontou Moraes na decisão.

O ministro destacou que já mandou, no mesmo dia dos atos golpistas, a PF obter todas imagens de câmeras de segurança do DF do dia 8 de janeiro. Também determinou, em 23 de fevereiro, que todos os militares que aparecem nas câmeras de segurança sejam ouvidos. A lista dos militares presentes seria fornecida pelo GSI.
Na decisão, o ministro cobra a PF para informar se cumpriu as determinações de 8 de janeiro e 23 de fevereiro.

oraes estendeu a ordem de coleta de saliva, digitais e fotos para todos os presos e indiciados no bojo dos inquéritos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A decisão atende a um pedido da Polícia Federal, que também requereu acesso ao Banco Nacional Multi Biométrico e de Impressões Digitais para abastecer as investigações sobre a ofensiva antidemocrática.

Em janeiro, Alexandre já havia dado despacho similar, determinado a ‘identificação criminal e coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético’ de todos os presos em flagrante no dia 9 de janeiro no acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília.

A avaliação do ministro é que ‘naturalmente, a autorização deverá compreender, ainda, os demais presos relacionados aos referidos atos golpistas, para completa elucidação dos fatos e precisa apuração da responsabilidade de cada um dos investigados’.

Com a decisão, também serão coletados materiais de investigados presos ou identificados em outros momentos da apuração sobre os atos golpistas. Foram efetuadas prisões no próprio dia 8, de radicais flagrados destruindo parte das sedes do Congresso, do Supremo e do Planalto. Outros investigados foram alvo da Operação Lesa Pátria – que já está em sua décima fase -, executada pela Polícia Federal.

O despacho de Alexandre foi publicado na quinta-feira, 19, mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal formou maioria para colocar no banco dos réus 100 golpistas denunciados pela Procuradoria-Geral da República como incitadores e executores dos atos golpistas de 8 de janeiro.

A expectativa é que a Corte siga agendando, em blocos, a análise das acusações oferecidas pela PGR. Na próxima semana, serão debatidas imputações feitas a outros 200 radicais.

O Ministério Público Federal já denunciou 1.390 investigados – 239 apontados como executores, 1.150 como incitadores e um policial legislativo acusado de suposta omissão ante a depredação das sedes dos Três Poderes. Agora, os procuradores se dedicam à identificação dos financiadores da ofensiva e à apuração sobre a omissão de agentes públicos no dia dos ataques.

Ao todo, 2.151 pessoas foram presas pelos atos de 8 de janeiro – ou durante a ofensiva antidemocrática ou no acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília. Seguem detidos 208 homens e 86 mulheres, entre eles investigados que foram capturados pela Operação Lesa Pátria.