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Catástrofe humanitária

Uma criança é morta a cada 10 minutos em Gaza

O porta-voz do Fundo da ONU para Infância, Unicef, alertou que se os jovens continuarem tendo acesso restrito à água e saneamento na área, o número de vítimas deve aumentar.

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21 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Uma criança é morta a cada 10 minutos em Gaza
Os bombardeios em Gaza matam crianças e deixam outras em sofrimento

As equipes humanitárias da ONU alertam que 160 crianças estão sendo mortas todos os dias em Gaza. Segundo o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) o número representa uma morte a cada 10 minutos. 

Na terça-feira, Christian Lindmeier explicou que além das mortes, outras duas crianças são feridas enquanto suas famílias sofrem com o risco de também serem vítimas do conflito. Ele também ressaltou sua preocupação com a ameaça de um surto de doenças em massa em Gaza.

O porta-voz do Fundo da ONU para Infância, Unicef, alertou que se os jovens continuarem tendo acesso restrito à água e saneamento na área, o número de vítimas deve aumentar. 

James Elder avalia que o aumento dos casos é trágico e “inteiramente evitável”. De acordo com a agência da ONU, cerca de 180 bebês nascem todos os dias na área afetada pela guerra. 

Mais de 20 deles precisam de cuidados especializados, assim como os bebês do hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. No último final de semana, 31 prematuros e bebês com baixo peso em cuidados intensivos foram evacuados do local.

Destacando a situação precária em toda Gaza, onde “menos da metade” dos hospitais e clínicas do enclave funcionam “de qualquer maneira”, o representante da OMS disse que há planos para evacuar os 200 pacientes restantes e 50 trabalhadores da saúde do hospital Al-Shifa.

Os bombardeios aéreos das forças israelenses, que já duram seis semanas, acontecem como resposta aos ataques do Hamas, em 7 de outubro, no sul de Israel, que causaram 1,2 mil mortes e cerca de 240 reféns.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, acusou Israel de crimes de guerra e de agir como uma “tentação ao genocídio” em Gaza durante uma reunião virtual de líderes dos Brics, incluindo Vladimir Putin da Rússia e Xi Jinping, da China na terça-feira, 21. Ramaphosa também condenou o Hamas pelo ataque a civis israelenses que desencadeou o conflito e disse que ambos os lados eram culpados de violar o direito internacional. Também participaram da reunião autoridades do Brasil e da Índia, além de Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, que deverão aderir ao bloco em janeiro.

Putin disse no seu discurso que havia uma “catástrofe humanitária” se desenrolando em Gaza, mas atribuiu a crise ao que chamou de diplomacia falhada por parte dos Estados Unidos. “Todos estes eventos, na verdade, são uma consequência direta do desejo dos EUA de monopolizar as funções de mediação na questão palestino-israelense”, disse. Ele pediu um cessar-fogo em Gaza, a libertação de reféns e a evacuação de civis da Faixa de Gaza.

Os comentários de Putin estão em linha com a abordagem cautelosa da Rússia à guerra Israel-Hamas. Ele propôs no mês passado que Moscou pudesse mediar o conflito devido às suas relações com Israel e os palestinos, e já culpou a guerra pelos esforços fracassados dos EUA. Putin condenou o ataque de 7 de Outubro por militantes do Hamas a cidades no sul de Israel que desencadeou a ofensiva de Israel em Gaza, agora na sua sétima semana, ao mesmo tempo que alertou Israel sobre a sua resposta e contra o bloqueio da Faixa de Gaza.

A reunião ocorreu um dia depois de o principal diplomata da China ter recebido os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Autoridade Palestina e Indonésia em Pequim, sua primeira parada em uma visita aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. A reunião sublinhou o apoio de longa data da China aos palestinos e a sua crescente influência geopolítica.