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SPE vai elevar projeção de crescimento do PIB para 2,9%

Os números indicam que os setores mais sensíveis ao ciclo de política monetária e crédito devem continuar direcionando o crescimento da economia

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03 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
SPE vai elevar projeção de crescimento do PIB para 2,9%
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda informou na terça-feira, 3, que deve aumentar a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024, de 2,4% para um nível próximo dos 2,9% de 2023, após a forte expansão da atividade no segundo trimestre deste ano.
“Prospectivamente, o ritmo de crescimento deve seguir acentuado, ainda guiado por impulsos vindos do mercado de trabalho aquecido e pelas melhores condições de crédito a famílias e empresas comparativamente ao ano anterior”, afirmou a SPE, em nota publicada na terça.

O PIB brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro. Esse resultado implica um carrego estatístico positivo de 2,5% – ou seja, significa que o PIB de 2024 crescerá 2,5% mesmo que fique estável na segunda metade do ano.

Segundo a SPE, os números indicam que os setores mais sensíveis ao ciclo de política monetária e crédito devem continuar direcionando o crescimento da economia, sendo parcialmente compensados pelas expectativas de queda do PIB agropecuário, desaceleração da produção extrativa e menor contribuição do setor externo.

“Incertezas para esse cenário estão relacionadas, principalmente, a decisões de política monetária, que podem prejudicar a recuperação do mercado de crédito”, diz a nota.

No resultado do segundo trimestre, na margem, a SPE destaca que a queda da produção agropecuária (-2,3%) foi menor do que o esperado e a alta da indústria (1,8%), maior. Também mencionou positivamente o desempenho dos serviços (1,4%), especialmente os relativos à administração pública (1,0%).

“Atividades mais sensíveis ao ciclo monetário e de crédito contribuíram em maior magnitude para explicar a expansão da atividade no segundo trimestre, com destaque para o avanço da indústria de transformação, da produção de energia e gás e dos transportes”, diz a nota.

Pelo lado da demanda, a secretaria mencionou positivamente o desempenho do consumo das famílias (1,3%), do governo (1,3%) e dos investimentos (2,1%) e destacou a boa absorção da demanda doméstica.
Na comparação interanual, pela qual o PIB cresceu 3,3%, a SPE afirma que a alta de 3,9% no PIB industrial reflete a expansão da produção de eletricidade e gás – puxada pelo consumo, que foi estimulado pela bandeira verde -, além da construção e da indústria da transformação.

No setor de serviços, que avançou 3,5%, a SPE destaca positivamente a aceleração do comércio, transportes e atividades financeiras, entre outros. “O ritmo acentuado e expansão dos serviços nessa base de comparação repercute a redução no desemprego, o aumento da massa salarial e as melhores condições no mercado de crédito, além das medidas de suporte às famílias no Rio Grande do Sul”, afirma.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que a expansão de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre “prova” que o Brasil tem um ritmo sustentável de crescimento da atividade econômica. Ele disse também que a pasta está confiante de que o trabalho do governo na consolidação fiscal, na melhoria do ambiente de negócios, na sustentabilidade ambiental e na retomada das políticas sociais são “cruciais” para o que o secretário classificou como “bons dados” do PIB. “O PIB do segundo trimestre mostra que o Governo recolocou o Brasil no caminho certo”, comentou.

Durigan pontuou, por exemplo, que mesmo desacelerando em relação ao primeiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) “veio bem, como é necessário” para o País crescer com mais capacidade produtiva e produtividade.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FBCF registrou alta de 2,10% no segundo trimestre de 2024 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o indicador apresentou avanço de 5,70%.

Conforme o IBGE, a taxa de investimento (FBCF/PIB) do segundo trimestre ficou em 16,80%. “A taxa de investimento sobre o PIB foi a 16,8%, maior que a média anual de 2016 a 2023, 16,25%”, observou o número 2 de Fernando Haddad.

“Pelo lado da oferta, embora agricultura e indústria extrativa, dois importantes subsetores de nossa economia, tenham decrescido, todos os demais subsetores se expandiram, com destaque para os subsetores industriais. Pelo lado da demanda, contribuíram os consumos das famílias e do governo bem como os investimentos”, disse ainda o secretário.