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Autoritarismo

Servidores do IBGE protestam no Rio contra gestão de Marcio Pochmann

No protesto realizado com apoio do sindicato, trabalhadores do instituto pediam “mais diálogo, menos autoritarismo”, em adesivos.

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26 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Servidores do IBGE protestam no Rio contra gestão de Marcio Pochmann
O presidente do IBGE, Marcio Pochmann

Trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conduziram um ato de protesto na manhã de quinta-feira, 26, em frente à sede do órgão, na Avenida Franklin Roosevelt, no Rio de Janeiro. A manifestação, convocada por servidores e endossada pelo sindicato que representa a categoria, tinha como alvo o “autoritarismo” da gestão do atual presidente do IBGE, Marcio Pochmann.

As críticas englobam a portaria que determina o retorno de trabalhadores ao regime parcialmente presencial, a migração de servidores para instalações em bairros considerados de difícil acesso, a falta de transparência na criação de uma fundação de direito privado chamada IBGE+ e alterações no Estatuto do instituto.

Trabalhadores pediam “mais diálogo, menos autoritarismo”, em adesivos. Em faixas estendidas na fachada do edifício, os trabalhadores clamavam por “mais respeito” ao órgão. Segundo os manifestantes, 49,4% dos trabalhadores do instituto estão atuando presencialmente, 30,9% estão no regime híbrido, e os demais 19,7% permanecem em trabalho apenas remoto, porém, a entrega de resultados do corpo técnico tem sido 100% eficaz.

“Aberta a temporada de presidentes temporários e autoritários! Ou o IBGE acaba com a gestão autoritária ou esta gestão autoritária acabará com o IBGE!!!”, dizia um dos cartazes empunhados por manifestantes.
Durante os discursos, Pochmann foi acusado de desqualificar o corpo de funcionários e a história do IBGE, se colocando como a modernidade contra uma instituição atrasada.

“(Ele) Já disse que a gente parou em 2016, não reconhece tudo que o IBGE fez, não só nos 88 anos, mas, principalmente, pós-pandemia, durante a pandemia, o Censo que a gente fez. Ele não se digna em vir a uma reunião do Comitê do Censo. Não vem a uma reunião da Diretoria de Geociências, a uma reunião da Diretoria de Pesquisas. Não sabe quais são os problemas da casa, não quer saber”, criticou, ao microfone, a servidora Maria Lúcia Vilarinhos. “Está viajando pelo mundo, não é porque é Marcio Pochmann. É porque é presidente do IBGE. É o IBGE que coloca ele na mídia”, completou.

A presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nova nota na quinta-feira, 26, acusando o sindicato dos trabalhadores do órgão, a Assibge, de ter rompido o diálogo com a atual gestão, além de insinuar que a entidade representante dos trabalhadores tem defendido o interesse de apenas parte dos servidores que não querem voltar ao presencial.

No comunicado, em que cita uma nota do sindicato que exigia a revogação imediata de portaria sobre teletrabalho, a gestão de Marcio Pochmann afirma que “diálogo não pode ser com exigências prévias”.
“A presidência do IBGE não poderia aceitar uma reunião com exigências prévias”, afirmou a nota de Pochmann. “A atual gestão do IBGE sempre se manteve aberta ao diálogo. Infelizmente, a Assibge rompeu o diálogo ao não aceitar reunir-se com a direção por duas vezes, não obstante o convite da direção do IBGE. E convite da direção sempre foi com pauta aberta, mesmo quando o tema era específico. Sempre!”

O texto afirma ainda que a volta ao trabalho presencial é uma bandeira dos trabalhadores do órgão. “E todo o IBGE, inclusive, o sindicato, acompanha este ano as várias portarias sobre a volta do regime de trabalho remoto integral. Não tendo feito movimento quando na volta dos APMs, dos administrativos, dos coordenadores e gerentes, mas que agora é contra a volta da parcela menor de trabalhadores que ainda está em teletrabalho integralmente”, criticou a direção do instituto.

Ao fim do texto, Pochmann sobe o tom nas críticas ao sindicato. “Qual deveria ser a postura de um sindicato de trabalhadores? Defender a maioria ou uma parte que não quer voltar ao trabalho presencial? Como os ibegean@s que já estão em trabalho presencial podem ser apoiados?”, escreve a Presidência. “Ninguém é melhor que ninguém. E o IBGE é de todos e do Brasil! Pauta aberta, mas organizada em torno dos principais pontos de interesse da instituição, dos trabalhadores e do Brasil. Sempre!”

Essa foi a terceira nota divulgada nesta semana pela gestão de Marcio Pochmann, que foi alvo na manhã desta quinta-feira de um ato de protesto convocado por servidores, e endossado pelo sindicato, em frente à sede do instituto, na Avenida Franklin Roosevelt, no Rio de Janeiro.