A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta sexta-feira, 22, que os negócios previstos no Plano Estratégico 2025-2029 da estatal vão gerar 315 mil empregos diretos e indiretos. “Entregamos projetos atrativos, rentáveis, sustentáveis e de apoio à comunidade. O plano é extremamente factível, realista e relativamente fácil e entregar”, disse Magda.
Sobre o retorno em impostos das atividades da Petrobras em cinco anos, Magda disse que os US$ 111 bilhões a serem investidos vão gerar impostos de US$ 254 bilhões.
Para além disso, na frente cultura, Magda disse que a Petrobras vai se transformar, “em breve”, na maior patrocinadora o futebol feminino do País. “E vamos investir R$ 250 milhões para projetos culturais até final de 2025”, detalhou a executiva.
A presidente da Petrobras destacou também que 15% do capex previsto para o quinquênio no plano estratégico 2025-2029 está ficado em transição energética. No plano anterior, divulgado em 2023, esse porcentual era de 11% do capex total planejado.
Os valores incluem tanto geração e energia limpa quanto investimentos em descarbonização de processos. “Isso significa um aumento e 42% nesse tema em relação ao plano anterior. É o nosso compromisso com a jornada rumo ao futuro de baixo carbono”, disse Magda.
Ela se referia o salto dos “investimentos verdes” previstos pela Petrobras de US$ 11,5 bilhões para US$ 16,2 bilhões nos cinco anos à frente. Do montante atualizado, US$ 11 bilhões vai ser investido em negócios renováveis, como biocombustíveis, eólica onshore, solar fotovoltaica, hidrogênio e captura e estocagem de carbono (CCUS).
“É possível conciliar produção e óleo e gás com transição energética justa. Dizemos que sim, nossa produção de petróleo tem metade da pegada da média mundial, temos combustíveis cada vez mais limpos, cada vez emitindo menos, cada vez mais verde”, disse Magda.
A presidente da Petrobras, no entanto, garantiu que o foco da companhia seguirá sendo a exploração produção e petróleo e gás e que quaisquer negócios paralelos serão aprovados “de forma responsável e zelando pela rentabilidade”.
A Petrobras pretende perfurar 15 poços na Margem Equatorial brasileira no horizonte do plano quinquenal da companhia, divulgado na noite da quinta-feira, 21 pela diretoria da estatal. Já nas bacias do Sudeste serão mais 25 poços, ou 40% do total.
A área de exploração da companhia teve seu orçamento elevado para US$ 7,9 bilhões entre 2025-2029, para perfuração de 51 novos poços. De acordo com o Plano, 25 serão perfurados nas bacias do Sul e Sudeste; 15 na Margem Equatorial; e 11 em outras localidades.
Para isso, vai investir US$ 3,2 bilhões na exploração das bacias de Campos, Santos, Pelotas e Espírito Santo; US$ 3 bilhões na Margem Equatorial; e US$ 1,7 bilhão em outros locais, como Colômbia, São Tomé e Príncipe, África do Sul, Argentina e Bolívia, sendo essas duas últimas em campos terrestres.
De acordo com a Petrobras, duas descobertas na bacia Potiguar, na Margem Equatorial, estão e avaliação, e a empresa se diz pronta “para perfurar Amapá Águas Profundas”, como a empresa vem classificando a área da bacia da Foz do Amazonas, que ainda depende de licença ambiental para ser avaliada.
A estatal busca recompor suas reservas, já que os grandes reservatórios do pré-sal começam a entrar em declínio a partir de 2030, o que deve estar mais detalhado no próximo Plano Estratégico da companhia (2026-2030).
Nesta sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) do Amapá recomendou que o Ibama solicite complementações de estudos à estatal e, posteriormente, emita “decisão definitiva sobre o pedido de exploração de petróleo na foz do Amazonas (FZA-M-59)”, no Amapá, para a Petrobras.
Por outro lado, recomendou que a Petrobras cumpra as exigências da autarquia, destacando que já são conhecidas desde 2020 pela empresa, e que o processo vem se prolongando excessivamente.
Nas recomendações, o MPF frisa que o descumprimento das exigências legais do Ibama, pela Petrobras, e o prolongamento não razoável do processo administrativo, pela autarquia, configurariam ameaça de lesão ao meio ambiente.
“Nesse caso, o órgão pode ajuizar ação civil pública para anular procedimento ilegal. O cenário pode ser afastado se acatadas as recomendações, o que demonstraria, da parte da Petrobras, obediência à lei e, do Ibama, comprometimento com a Administração Pública e com seu poder de polícia ambiental”, afirmou o MPF em nota nesta sexta-feira, 22.
Estudo inédito da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresentado na quinta-feira no Ministério de Minas e Energia (MME), mostra que o volume total de óleo recuperável é da ordem de 10 bilhões de barris de óleo equivalente. No Brasil não se perfura um poço nessa bacia desde 2011, destacou a EPE.
Apenas com a exploração da parte noroeste da bacia da Foz, as reservas brasileiras poderiam subir em 30%, informou a EPE. Ao todo, são 17,7 bilhões de boed in place, dos quais 5,1 bilhões de óleo recuperável, e 167 bilhões de metros cúbicos de gás recuperáveis, considerando uma taxa de gás associado de 17%.
A Petrobras anunciou ainda que vai pagar R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários a seus acionistas. Isso equivale a R$ 1,55 por ação ordinária e preferencial da companhia. Desse montante, R$ 15,6 bilhões vêm da reserva de remuneração e capital da estatal, como dividendos intermediários, e os R$ 4,4 bilhões restantes têm relação com os chamados dividendos intercalares.
Dona de 36,6% do capital da Petrobras – por meio do Tesouro Nacional, do BNDES e do seu braço de participações, o BNDESpar -, a União vai ficar com R$ 7,32 bilhões dos R$ 20 bilhões em proventos extraordinários anunciados na quinta pela estatal. Com essa nova fatia, já chega a R$ 23,46 bilhões o total de proventos destinados pela estatal ao governo neste ano. A esse montante, a União poderá contabilizar ainda o pagamento de dividendos ordinários relativos ao quarto trimestre – que serão conhecidos só em fevereiro em 2025.
A Petrobras explicou ainda que, no caso dos detentores de ações negociadas na B3, o pagamento em parcela única será feito em 23 de dezembro. Já os acionistas que possuem ADRs (“American Depositary Receipts”, por meio dos quais as ações da empresa são negociadas na Bolsa americana) receberão o pagamento a partir de 3 de janeiro de 2025.
Para o cálculo dos dividendos, será considerada a posição acionária do dia 11 de dezembro, para os detentores de papéis negociadas na B3, e de 13 de dezembro para os ADRs negociados na New York Stock Exchange. As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 12 de dezembro de 2024.
Pelo plano estratégico para o período de 2025 a 2029, também divulgado na quinta, a previsão de investimentos para o próximo ano soma US$ 18,5 bilhões (R$ 107,5 bilhões), queda de 11,9% ante os US$ 21 bilhões (R$ 122 bilhões) do plano anterior.
Para os cinco anos até 2029, a estatal projeta investimentos de US$ 111 bilhões (R$ 644,9 bilhões), ante US$ 102 bilhões do plano anterior – que previa o plano quinquenal até 2028. Nesse caso, houve um aumento de 8,8% no total de aportes previstos.
Como era esperado pelos analistas, o planejamento da estatal priorizou a área de exploração e produção (E&P), que ficará com US$ 77,3 bilhões dos aportes totais, cerca de US$ 4 bilhões (ou 5,5%) a mais do que o previsto no plano anterior. O pré-sal segue como maior foco dos aportes da Petrobras, sendo o destino de 60% dos recursos previstos para a área de E&P.
Em seu novo planejamento, a Petrobras aumentou o seu limite de endividamento para um teto de US$ 75 bilhões (R$ 435 bilhões). No plano anterior, esse limite era de US$ 65 bilhões (R$ 377 bilhões).
A mudança, segundo explica a estatal em documento, é “aderente à minimização do custo de capital, aos riscos do fluxo de caixa e a uma gestão eficiente de caixa e liquidez”. A Petrobras diz ainda que o novo teto “considera métricas de alavancagem robustas, mesmo em cenários de baixo preço do Brent (referência de preço do barril), além de proporcionar maior flexibilidade em relação à crescente relevância dos afretamentos na dívida bruta”.
A companhia reduziu o valor do caixa mínimo a ser mantido, de US$ 8 bilhões (R$ 46,4 bilhões) para US$ 6 bilhões (R$ 34,8 bilhões).