Economia
Selic menor

PAF mantém benchmark da dívida, com equilíbrio de prefixados e inflação

As alterações colocam como composição ótima uma DPF com equilíbrio nas emissões de papéis prefixados e atrelados à inflação

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04 de fevereiro de 2025
Vinicius Palermo
PAF mantém benchmark da dívida, com equilíbrio de prefixados e inflação
O PAF também registra que o porcentual vincendo em 12 meses desejado no benchmark é de 20% da DPF, patamar próximo aos valores atuais desse indicador. Crédito: Marcello Casal JR / ABR

O Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2025, divulgado nesta terça-feira, 4, pelo Tesouro Nacional, manteve as mudanças na composição ideal da Dívida Pública Federal (DPF) no longo prazo, mirando 2035, no chamado “portfólio benchmark”. As alterações, que foram introduzidas em 2024, colocam como composição ótima uma DPF com equilíbrio nas emissões de papéis prefixados e atrelados à inflação, ao mesmo tempo que reduz a fatia de títulos vinculados à Selic.

A composição ideal de títulos prefixados é de 35%, com prazo médio de 3 anos. Já o porcentual de papéis vinculados à inflação é de 35%, com prazo médio de 7,5%. Para títulos atrelados à Selic, a composição ideal é de 23%, com prazo médio de 3,5 anos. Já os papéis vinculados ao câmbio respondem por 7% da composição, com prazo médio de 7,5 anos. Para todos os papéis, o objetivo de longo prazo admite uma banda de variação de 2,0 pp, para mais ou para menos.

“Nos últimos anos, a DPF registrou maior participação de títulos com juros flutuantes (especialmente as LFT), devido à aversão ao risco e à incerteza, particularmente frente a instrumentos prefixados ou atrelados à inflação com prazos longos. Neste cenário, as LFT têm como vantagem um prazo médio de emissões superior ao prazo médio do estoque da DPF, contribuindo para a dinâmica desse indicador e evitando aumentar a concentração de dívida no curto prazo”, detalhou o Tesouro.

O documento lembra que o benchmark estabelece um prazo médio global de 5 anos para a DPF. “O alongamento da DPF dos atuais 4 anos em direção a esse valor depende da extensão dos prazos de cada grupo de instrumentos na composição da dívida. Esse objetivo deve ser alcançado de forma gradual, sem gerar pressões nas condições financeiras para o financiamento da dívida”, diz o Tesouro.

O PAF também registra que o porcentual vincendo em 12 meses desejado no benchmark é de 20% da DPF, patamar próximo aos valores atuais desse indicador.

O plano traz ponderações em relação aos cenários externo e doméstico. O órgão aponta que, embora não se espere recessão na economia americana, o ciclo de afrouxamento nos Estados Unidos deve se encerrar em 2027, com uma taxa de juros chegando a 3%. Já no panorama doméstico, o Tesouro pontua que a evolução da percepção fiscal é um fator decisivo internamente.

No panorama internacional, o órgão destaca que o plano foi elaborado considerando um cenário externo de fortalecimento do dólar e alta das curvas de juros, impulsionado pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais nos EUA. Já a economia chinesa, na visão do Tesouro, deve manter um crescimento médio de 4%, sem desaceleração abrupta.

O cenário também considera tensões geopolíticas e protecionismo econômico em escala moderada. “Esses fatores, aliados ao dólar forte e juros externos elevados, podem pressionar preços e juros no Brasil”, avalia.

No cenário doméstico, o Tesouro aponta que as expectativas para 2025 refletem o dinamismo econômico recente, sustentado por um mercado de trabalho robusto e pela implementação da reforma tributária do consumo. “Contudo, a atividade acima do potencial e a depreciação da moeda nacional podem elevar a inflação, exigindo um ciclo de aperto monetário mais longo. A evolução da percepção fiscal é um fator decisivo para os desdobramentos desse cenário”, destaca.

O Tesouro também traça cenários alternativos, que consideram um ambiente externo mais turbulento, com desaceleração do crescimento dos EUA no curto prazo, exigindo cortes mais intensos nos juros em 2025 e 2026. A economia chinesa desaceleraria para um crescimento médio de 3,0%.

“Em um cenário externo desafiador, a economia doméstica enfrentaria menor dinamismo e momentos de instabilidade, acompanhados pela deterioração de indicadores financeiros, como a taxa futura de juros e a taxa de câmbio. Esse contexto resultaria em maior pressão inflacionária e demandaria um aperto monetário mais intenso e uma taxa de juros neutra mais alta. Além disso, a percepção fiscal mais desfavorável por parte dos agentes de mercado poderia gerar impactos negativos nas variáveis financeiras”, diz o documento.

Por outro lado, o PAF 2025 considera também um cenário doméstico otimista, marcado por impacto positivo no câmbio, melhores expectativas de inflação e menor necessidade de aperto monetário “A economia manteria forte crescimento, impulsionada pela reforma tributária do consumo e condições econômico-financeiras favoráveis”, destaca.