O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou o fechamento de um acordo que prevê um cessar-fogo na guerra com o Hezbollah, mas avisou que a duração da trégua dependerá da capacidade do grupo extremista islâmico de cumprir os termos combinados.
Em discurso televisionado nesta terça-feira, 26, Netanyahu explicou que a suspensão das hostilidades no Líbano permitirá que os israelenses foquem na ameaça do Irã. “Estou disposto a fazer o que for preciso para evitar que o Irã desenvolva arma nuclear”, disse.
O premiê reforçou o compromisso em assegurar a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde o ano passado. “Estamos determinados a garantir a destruição do Hamas”, ressaltou ele, que chamou atenção para as “grandes vitórias” que Israel teve nas frentes de guerra.
Netanyahu alertou, no entanto, que se o Hezbollah descumprir o acordo, Israel vai voltar a atacá-lo.
Nesta terça-feira, 26, o exército de Israel emitiu avisos para que mais de 20 prédios nos subúrbios de Beirute, no Líbano, fossem esvaziados, antes de serem atingidos por ataques de aviões de guerra israelenses.
As ofensivas no centro da capital libanesa se ampliaram, antes da votação planejada por líderes de Israel sobre aceitar ou não um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, o que encerrará o conflito que já dura mais de um ano.
O ataque foi uma sinalização de que Israel queria punir o Hezbollah até os últimos momentos antes do acordo ser alcançado. O cessar-fogo pede uma paralisação inicial de dois meses nos combates e exige que o Hezbollah encerre sua presença em uma faixa do sul do Líbano. As tropas israelenses, por sua vez, retornarão para seu lado da fronteira.
O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, reforçou os crescentes apelos por um cessar-fogo no Líbano para “pôr fim aos assassinatos e à destruição”.
Ele ressaltou que ataques israelenses “implacáveis” nos subúrbios ao sul de Beirute desde o fim de semana, resultaram em danos extensos, forçando mais pessoas a fugir de suas casas.
Dezenas de libaneses teriam sido mortos entre 22 e 24 de novembro, incluindo crianças e mulheres. Um ataque aéreo que destruiu um prédio de oito andares na capital Beirute, no sábado, matou pelo menos 29 pessoas e deixou mais de 67 feridas, segundo o Ministério da Saúde do Líbano.
Para Turk, a ação militar israelense “levanta sérias preocupações sobre o respeito aos princípios de proporcionalidade, distinção e precaução”.
Ele alertou ainda para o alto número de profissionais de saúde mortos, que ultrapassou 230. O alto comissário pediu respeito e proteção para os agentes de saúde lembrando que ataques deliberados podem “equivaler a um crime de guerra”.
Segundo o alto comissário, o grupo Hezbollah continua atacando o norte de Israel com foguetes e atingindo civis. Ele afirmou que “a maioria desses foguetes é indiscriminada por natureza, prolongando o deslocamento inaceitável de muitos civis israelenses”.
De acordo com Israel, 40 pessoas morreram nesses ataques e mais de 60 mil foram deslocadas internamente desde 7 de outubro de 2023. Nesse dia, o movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, atacou Israel matando mais de 1,2 mil civis e sequestrando centenas de pessoas.
Desde o início do conflito entre Hamas e Israel, pelo menos 3,7 mil pessoas foram mortas no Líbano e mais de 16 mil ficaram feridas. Além disso, quase 900 mil foram deslocados internamente, de acordo com a Organização Internacional para Migrações, OIM.
Para Turk, “a única maneira de acabar com a tragédia para pessoas inocentes de todos os lados é um cessar-fogo permanente e imediato em todas as frentes; no Líbano, em Israel e, claro, em Gaza”.
Apesar dos graves ataques ao Líbano, diversas agências da ONU seguem atuando no país incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e a Organização Mundial da Saúde, com medicamentos e abrigos.
Já em Gaza, a grande preocupação é com a chegada do inverno. O comissário-geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, alertou que “não há abrigos seguros, cobertores ou agasalhos para as pessoas buscarem algum conforto” à medida que as temperaturas caem e as chuvas ficam mais frequentes.
Para Phillipe Lazzarini, o inverno em Gaza significa que “mais pessoas morrerão de frio, especialmente entre os mais vulneráveis, incluindo idosos e crianças”.
Ele explicou que o aquecimento é inexistente e o último recurso para se manter livre do frio é queimar plástico.