A inflação dos alimentos segue como uma preocupação central do governo federal, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Ele destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está atento ao tema e tem articulado encontros com diversos setores para entender e combater as pressões inflacionárias.
“O presidente Lula tem essa preocupação. Pegar os dados da safra. Ele pediu para que eu convidasse empresários do setor alimentício, a indústria de alimentos, os distribuidores, atacadistas, as associações de supermercados, para entender o cenário geral, além dos outros ministros: da Fazenda, Casa Civil, todos estiveram presentes para a gente bater um papo sobre isso”, apontou o ministro.
Ainda dentro da temática inflação, Fávaro destacou que a safra brasileira segue positiva e que o País não deve enfrentar desabastecimento, apesar de problemas pontuais registrados em 2024 – a exemplo das enchentes no Rio Grande do Sul, que prejudicaram a produção de arroz.
“A safra está transcorrendo muito bem, nós aumentaremos a área plantada em 1 milhão e meio de hectares neste ano, fruto do programa de recuperação de pastagem degradada que o governo instituiu, um crescimento sustentável, não sobre a floresta, nem sobre o cerrado. Nós teremos uma safra maior de arroz, uma safra um pouquinho maior de feijão, safra maior de soja, safra maior de milho. Portanto, não há risco de desabastecimento”, garantiu o ministro.
Ele também explicou que o aumento do preço das carnes é reflexo de um ciclo natural do setor, com impacto momentâneo no mercado. “As carnes vivem um ciclo a cada seis, sete anos, onde a reposição de bezerros fica muito barata e os pecuaristas começam a abater mais fêmeas. A consequência disso é que em determinado momento começa a faltar bezerro. O bezerro sobe, a reposição sobe e a carne sobe”, disse.
Outro fator destacado pelo ministro foi a influência do câmbio na inflação de alimentos, impulsionada pela alta do dólar. “A variação cambial, o dólar a R$ 5,80, gera uma inflação dos alimentos, uma nova alta de preços. Mas esse é um cenário mundial. A instabilidade internacional fez com que o câmbio se valorizasse em quase todos os países”, explicou.
Para mitigar o impacto, Fávaro mencionou a importância do ajuste fiscal promovido pelo Ministério da Fazenda. “Conter o gasto público para que a gente possa tirar pressão sobre o câmbio e segurar o preço dos alimentos”, afirmou.
O ministro também ressaltou a relevância do agronegócio para a economia brasileira, especialmente no comércio exterior. “O agro é a grande mola propulsora da economia brasileira”, disse Fávaro, acrescentando que o agronegócio responde por quase metade do superávit comercial do País. “Isso gera emprego, gera oportunidade, crescimento econômico aqui dentro”, destacou.
Ampliar os mercados para os produtos agropecuários brasileiros é parte da estratégia do governo, com resultados já perceptíveis, segundo Fávaro. “Por isso essa estratégia de ampliar o portfólio de países para comprar produtos da agropecuária brasileira. O resultado está acontecendo na prática”, concluiu.
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 2,062 bilhões na quarta semana de novembro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 25, o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,533 bilhões e importações de US$ 4,471 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 6,262 bilhões e, no ano, de US$ 69,284 bilhões.
Até a quarta semana de novembro, a média diária das exportações registrou alta de 10,6% em relação à média diária do mesmo mês de 2023. O resultado se deu devido à queda de US$ 52,93 milhões (-17,6%) em Agropecuária; crescimento de US$ 36,85 milhões (9,9%) em Indústria Extrativa; e avanço de US$ 160,27 milhões (22,5%) em produtos da Indústria de Transformação.
Já as importações tiveram crescimento de 14,6% na mesma comparação, com alta de US$ 3,24 milhões (18,3%) em Agropecuária; recuo de US$ 3,13 milhões (-5,4%) em Indústria Extrativa; e avanço de US$ 138,56 milhões (15,9%) em produtos da Indústria de Transformação.