Economia
Expectativas

Mercado eleva a previsão de inflação para 4,26%

Já a estimativa intermediária para a inflação de 2025 caiu de 3,93% para 3,92%. Um mês antes, ela estava em 3,98%.

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02 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Mercado eleva a previsão de inflação para 4,26%
A mediana do relatório Focus para a taxa básica de juros no fim de 2024 se manteve em 10,50% pela 11ª semana consecutiva.

A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu pela sétima semana consecutiva, de 4,25% para 4,26%, distanciando-se do centro da meta, de 3,00%. Um mês antes, era de 4,12%. O teto da meta deste é de 4,50%.

Já a estimativa intermediária para a inflação de 2025 caiu de 3,93% para 3,92%. Um mês antes, ela estava em 3,98%.

Considerando apenas as 54 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana do mercado para o IPCA de 2024 passou de 4,27% para 4,26%. A projeção para a inflação de 2025 passou de 4,00% para 3,85%, levando em conta apenas as 54 atualizações no período.

No último ciclo de comunicações, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses alcance 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.

O BC espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.

As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta, em 3,60% no caso de 2026 e 3,50% em 2027, pela 13ª e 61ª semana consecutiva, respectivamente.

A mediana do relatório Focus para a inflação suavizada dos próximos 12 meses subiu de 3,83% para 3,87%. Um mês atrás, a taxa era de 3,72%. Essa medida deve ganhar importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta de inflação contínua, que valerá a partir de 2025.

O novo regime prevê que o cumprimento da meta seja apurado com base na inflação acumulada em 12 meses. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, será considerado que o Banco Central descumpriu o alvo.

A meta continua tendo como centro 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Ela pode ser alterada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por iniciativa do ministro da Fazenda, mas é necessário aguardar um prazo de 36 meses para que uma mudança tenha efeito.

O mercado revisou as projeções para a inflação nos próximos meses. A mediana do relatório Focus para o IPCA de agosto passou de 0,05% para 0,04%, contra 0,11% um mês antes. A estimativa intermediária para setembro foi ajustada de 0,27% para 0,30%, ante 0,21% quatro semanas atrás, enquanto a projeção para outubro foi mantida em 0,30%, mesmo nível de um mês antes.

A mediana do relatório Focus para a taxa básica de juros no fim de 2024 se manteve em 10,50% pela 11ª semana consecutiva. A projeção para a Selic no fim de 2025 também continuou em 10,00% ao ano. Há quatro semanas, estava em 9,75%.

Considerando apenas as 46 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 10,50%. A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 se manteve em 10,00%, também incorporando apenas as 45 atualizações da semana passada.

Na última sexta-feira, 30, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição não fará um “ciclo de credibilidade”, descartando a possibilidade de elevar os juros agora para cortá-los logo depois, apenas como forma de reforçar a reputação dos diretores. E disse que o prêmio de risco na ponta curta da curva – que precificava um aumento mais próximo de 0,5 do que de 0,25 ponto nos juros em setembro – “não é compatível” com as comunicações da autoridade. “Nós entendemos que, se e quando houver um ciclo de ajuste nos juros, esse ciclo será gradual”, disse o banqueiro central.

Os analistas de mercado mantiveram as expectativas para a Selic em 2026 em 9,50%. Um mês atrás, era de 9,00%. A Focus também traz a continuidade da projeção de 9,00% em 2027, mesmo patamar das últimas 15 semanas.

A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 subiu de 2,43% para 2,46%. Há um mês era de 2,20%. Considerando apenas as 30 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para o crescimento do PIB de 2024 passou de 2,49% para 2,47%.

A mediana do relatório Focus para a alta do PIB de 2025 caiu de 1,86% para 1,85%. Quatro semanas antes, estava em 1,92%. Levando em conta só as 30 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,84% para 1,85%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,00%, como já estão há 56 semanas e 58 semanas, respectivamente.

A última estimativa divulgada pelo BC, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicava crescimento de 2,3% para o PIB brasileiro este ano. O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 2,5% em 2024.

A mediana do relatório Focus para o dólar no fim de 2024 oscilou de R$ 5,32 para R$ 5,33, de R$ 5,30 um mês antes. A estimativa intermediária para o fim de 2025 se manteve em R$ 5,30, mesmo nível de quatro semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.