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Lula diz que soberania do país tem que ser resguardada

“O que nós queremos, na verdade, é que cada país tenha sua soberania resguardada”, disse o presidente Lula.

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10 de janeiro de 2025
Vinicius Palermo
Lula diz que soberania do país tem que ser resguardada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visita exposição sobre os atos contra democracia em 2023. Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (9) que fará uma reunião para discutir as novas regras anunciadas pela multinacional Meta, empresa de tecnologia que controla o Facebook, Instagram e WhatsApp, para o funcionamento dessas redes sociais.

“O que nós queremos, na verdade, é que cada país tenha sua soberania resguardada. Não pode um cidadão, não pode dois cidadãos, não pode três cidadãos acharem que podem ferir a soberania de uma nação”, afirmou Lula no Palácio do Planalto, enquanto visitava a galeria de ex-presidentes, que fica no térreo do prédio, e foi reinaugurada há poucos meses.

Na última terça-feira (7), o dono da Meta, o bilionário norte-americano Mark Zuckerberg, anunciou as novas diretrizes de moderação de conteúdo das redes sociais e ressaltou que vai se aliar ao governo do presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, para pressionar países que buscam regular o ambiente digital. Entre as alterações, estão o fim do programa de checagem de fatos que verifica a veracidade de informações que circulam nas redes, o fim de restrições para assuntos como migração e gênero, e a promoção de “conteúdo cívico”, entendido como informações com teor político-ideológico.

“Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha mesma responsabilidade de um cara que cometa um crime na imprensa escrita. É como se um cidadão pudesse ser punido porque ele faz uma coisa na vida real e pudesse não ser punido porque ele faz a mesma coisa na digital”, comentou Lula sobre o impacto das mudanças.

Até o momento, a nova política de moderação da Meta vale para os EUA, mas deverá se estender para outros países. Antes do comentário do presidente, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, já havia criticado as novas regras, que na sua avaliação causarão prejuízo à democracia.

Na mesma linha, o secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, afirmou que a decisão da Meta sinaliza de forma explícita que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital, em uma antecipação de ações que serão tomadas pelo governo de Donald Trump, que toma posse no dia 20 de janeiro.

Ainda na quarta-feira (8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que a Corte “não vai permitir que as big techs, as redes sociais, continuem sendo instrumentalizadas, dolosa ou culposamente, ou ainda somente visando lucro, instrumentalizadas para ampliar discursos de ódio, nazismo, fascismo, misoginia, homofobia e discursos antidemocráticos”. 

O presidente fez uma visita, no começo da tarde desta quinta-feira, 9, à galeria dos ex-presidentes da República, situada no térreo do Palácio do Planalto, e fez críticas à forma como a exposição foi montada. Ele pediu alterações sobre as informações que constam e ironizou os quadros dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro.

A galeria dos ex-chefes do Executivo foi depredada nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2022. Ela expõe fotos de todos os presidentes da República e tem informações como a data de nascimento de cada um – e de morte, daqueles que já faleceram.

Os ex-presidentes aparecem com a imagem em preto e branco e a foto de Lula é colorida, como é de praxe para o atual chefe do Executivo.

Lula fez uma visita à exposição sobre as obras restauradas por conta dos ataques do 8 de Janeiro, que também estão no térreo, e seguiu para a galeria dos ex-presidentes.

O petista passou por todas as fotos e analisou-as atentamente. Ele estava acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, além de assessores e seguranças.

Ao ver as fotos, Lula fez diversas observações e sugeriu que sejam colocados contextos de como a autoridade foi eleita, o período que ela governou o País e o número de votos que recebeu.

“O que eu quero é que conte a história. A Dilma Rousseff foi eleita, foi reeleita e depois sofreu um impeachment por um golpe. Depois esse aqui (Michel Temer) não foi eleito, tomou posse em função do impeachment da Dilma e depois esse aqui (Jair Bolsonaro) foi eleito em função das mentiras. É isso que tem que colocar”, disse Lula.

Ele criticou também que os quadros mostram as datas de nascimento e morte dos que foram eleitos. “Ninguém quer saber em que período ele nasceu, quer saber quando ele governou, como ele governou. Você tem que dizer como foram eleitas as pessoas, para a história registrar. Senão, a história não registra.”

Lula disse que quer que a galeria “conte a história”. “A única coisa que eu quero é que as pessoas que vierem aqui, ao olhar a foto do presidente, saibam o que aconteceu com cada um. Tem presidente aqui que só ficou um dia na Presidência”, afirmou.

Durante as críticas, Janja interviu e disse que QR Codes estão sendo produzidos para colocar no quadro de cada ex-presidente.

O petista também brincou para que três fotos suas sejam colocadas na galeria, não apenas uma. A exposição mostra apenas as fotos dos presidentes eleitos, mas não repete a imagem se houve reeleição. Dessa forma, Lula aparece apenas uma vez, assim como Dilma.

O Palácio do Planalto voltou a expor a galeria em novembro do ano passado, quase dois anos após os atos golpistas. Além das fotos dos mandatários, o mural recebeu também uma imagem do local depredado durante os ataques.

O painel de fotos novas custou R$ 11 mil ao Planalto. Além das imagens, foram feitas molduras de acrílico, ao custo de R$ 230 cada. A galeria dos presidentes ficou coberta por tapumes até ser restaurada. Não houve cerimônia para a reabertura do espaço.