O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (26), que não faltará crédito para que os empresários da construção civil invistam em empreendimentos residenciais para a população brasileira. Durante a abertura do 99° Encontro Nacional da Indústria de Construção, na sede da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília, Lula ainda voltou a defender a importância de incluir a classe média no Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
“A gente começou construindo casas para as pessoas mais pobres, depois a gente foi evoluindo”, relatou Lula.. “É justo com uma pessoa que ganha R$ 8 mil, R$ 9 mil, R$ 10 mil ser atendida por um programa do governo porque essas pessoas trabalham. Essas pessoas são bancários, metalúrgicos, químicos, gráficos, são pessoas que trabalham por conta própria, são pequenos empreendedores e nós temos que atender essa gente”, concluiu.
“Vão dizer que ‘o Lula só pensa no pobre’, ‘tem que ser muito pobre pro Lula cuidar’, não! Nós queremos cuidar do povo brasileiro. Só que tem uma parte do povo que precisa da mão do Estado e tem outra que não precisa. E essa que não precisa a gente também tem que cuidar facilitando a vida dos empresários. Por isso, quero dizer uma coisa: não faltará crédito para a gente fazer as casas nesse país”, afirmou Lula.
O presidente contou sobre a criação do MCMV, em seu segundo mandato, em 2010, e das negociações, ao longo do tempo, por melhorias nos projetos, como aumento da área útil, qualidade dos acabamentos, infraestrutura social, de lazer e cultura, e adequações nas residências construídas na área rural. Lula cobrou, ainda, que as entidades do setor da construção também fiscalizem os processos de licitação de obras públicas e que as empresas respeitem os resultados para evitar a judicialização dos projetos e atrasos nas obras. “O governo ele pode ser indutor, mas o construtor é quem sabe construir, quem tem essa experiência”, disse.
“E nós temos que fazer as coisas decentes porque se tem uma coisa que a gente precisa tratar é as pessoas mais humildes com respeito. Ele já sofre por ser pobre, ele já sofre por não ter acesso às grandes coisas que outros pequenos grupos têm. Então é preciso que a gente demonstre para ele, no mínimo, respeito”, acrescentou o presidente.
O presidente pediu ao ministro das Cidades, Jader Filho, a elaboração de um programa para a construção de banheiros no País. Lula já se adiantou a possíveis apontamentos do Ministério da Fazenda e disse que a construção dos banheiros “não é gasto”, mas “decência e respeito”. Ele disse que, para atender seu pedido, será preciso a contratação de um sistema especializado em fazer banheiro.
“Eu morei em uma casa em que moravam 27 pessoas. Era uma casa que tinha um banheiro só, não tinha descarga, não tinha chuveiro. Eu sei o que é uma pessoa ter um banheiro, banheiro é a coisa mais simples. E como pode ter 4 milhões de pessoas sem banheiro? Eu falei para o Jader Filho, ministro das Cidades: pode preparar um programa, porque nós vamos fazer os banheiros que as pessoas precisam”, disse.
“Depois não venha a Fazenda falar: ‘isso é gasto’. Não venha dizer, porque isso não é gasto, é decência, é respeito. Eu vi na televisão as pessoas indo para o mato, sem lugar para tomar banho”, acrescentou Lula.
Na plateia, estava presente o Secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello.
Na fala, o presidente também comentou sobre as casas do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e disse que há um projeto de 3 mil casas do programa em um determinado Estado – que não especificou – que precisará passar por uma reformulação. “Não é possível fazer 3 mil casas sem ter acesso a cultura, senão fica uma balbúrdia”, comentou. “Tem que chamar os empresários, a Caixa, o governador e rediscutir esse projeto. Temos que fazer as coisas decentes.”
Segundo ele, o governo pode ser o indutor, “mas o construtor é quem sabe construir”. “Se não fosse a compreensão empresarial, não teríamos o sucesso que temos no Minha Casa, Minha Vida.”
No discurso, Lula voltou a criticar o denuncismo no Brasil e disse ser um “verdadeiro inferno” fazer as coisas andarem. “Tem toda uma burocracia, mesmo no meio empresarial, para vencer barreiras, para fazer canteiro, para fazer licenciamento”, disse
E acrescentou: “Eu digo sempre que a gente tem uma pessoa para tentar fazer um projeto e dez pessoas para dizer que não vai dar certo. Uma coisa muito grave é como o denuncismo nesse País, mesmo entre os empresários, porque quando você tem uma licitação, o primeiro empresário que entra com processo nessa licitação é o que perdeu.”