A Diretoria Geral de Segurança do Líbano informou nesta sexta-feira, 6, que o país está fechando todas as fronteira terrestre com a Síria, exceto a principal, que liga Beirute a Damasco.
Separadamente, o ministro do Interior da Jordânia, al-Frayeh, disse que a passagem da fronteira de Naseeb com a Síria havia sido bloqueada por razões de segurança no lado sírio.
Em Israel, militares declararam que planejam reforçar suas forças estacionadas nas Colinas de Golã e perto da fronteira com a Síria, onde a guerra civil reacendeu entre o governo e os grupos rebeldes. Segundo a declaração, os israelenses estão “monitorando os acontecimentos e estão preparados para todos os cenários, tanto ofensivos quanto defensivos”.
Os ministros das Relações Exteriores do Irã, do Iraque e da Síria – três aliados próximos – reuniram-se em Bagdá para conversar sobre a situação. O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein, expressou “profunda preocupação”, dizendo que seu governo está acompanhando de perto a situação na Síria.
A província de Homs, atacada por insurgentes contra o presidente Bashar Assad, é a maior da Síria em tamanho e faz fronteira com o Líbano, Iraque e Jordânia.
Mais de 280 mil pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, no noroeste da Síria, após uma ofensiva militar repentina do grupo Hayat Tahrir al-Sham, HTS, em áreas controladas pelo governo.
Os combatentes do HTS, considerado terrorista pelo Conselho de Segurança da ONU, ocuparam as cidades de Alepo e Hama em um novo momento do conflito que já dura 13 anos.
Nessas áreas, o Programa Mundial de Alimentos, WFP na sigla em inglês, conseguiu abrir cozinhas comunitárias para fornecer comida à população afetada.
Para o coordenador de Emergência e diretor de Análise Estratégica e Diplomacia Humanitária da agência, o número de deslocados pode aumentar rapidamente e chegar a 1,5 milhão.
Samer AbdelJaber enfatizou que a recente escalada da violência é uma “crise em cima de outra crise”. Falando a jornalistas em Genebra nesta sexta-feira, ele destacou que a Síria vive “um ponto de ruptura” depois de 13 anos de conflito.
A guerra iniciada em 2011 com protestos por democracia, durante a Primavera Árabe, destruiu a economia e os meios de subsistência dos sírios. Atualmente, mais de 3 milhões enfrentam insegurança alimentar grave, pois não conseguem comprar comida suficiente para se alimentar de forma adequada.
O coordenador do PMA, adicionou que antes da crise atual, já havia 12.9 milhões de pessoas no país com necessidade de alguma forma de assistência alimentar.
A ajuda humanitária está no momento fluindo da Turquia através de três passagens de fronteira para o noroeste da Síria.
No entanto, AbdelJaber alertou que o financiamento internacional para o plano de resposta humanitária na Síria, que totaliza US$ 4,1 bilhões “enfrenta seu maior déficit de todos os tempos”, com menos de um terço do necessário para 2024 recebido até o momento.
No país vizinho, o Líbano, cerca de 600 mil pessoas começaram a retornar para suas casas, após a entrada em vigor, em 27 de novembro, do cessar-fogo entre Israel e o grupo armado Hezbollah.
A diretora da Divisão de Operações e Incidência do Escritório de Coordenação de Ajuda Humanitária da ONU, Ocha, expressou a preocupação de que essas pessoas encontrem no caminho minas e munições não detonadas.
Falando a jornalistas em Genebra, Edem Wosornu enfatizou que operações para desarmar eventuais explosivos devem ser priorizadas, para proteger pessoas que estão retornando para seus lares destruídos e agricultores que tentarão recuperar suas colheitas.
Nesta sexta-feira, o Mecanismo Internacional, Imparcial e Independente, Iiim, divulgou um relatório que analisa a prática generalizada e sistemática de tortura, maus-tratos e violações em mais de 100 centros de detenção governamentais na Síria.
O levantamento inclui condições de detenção desumanas, violência sexual e desaparecimentos forçados e tem como base mais de 300 entrevistas com testemunhas, provas médicas forenses e documentação do próprio governo sírio.
Ex-detentos descreveram graves abusos físicos e psicológicos, incluindo espancamentos, posições estressantes e violência sexual.
Eles relataram condições horríveis, falta de higiene, comida e água insuficientes, superlotação e negação de cuidados médicos. Muitos testemunharam outros detidos sendo torturados e mortos.
O relatório inclui descrições de estruturas do governo sírio envolvidas na inflição de danos, incluindo lideranças governamentais e entidades de coordenação, ramos de inteligência, hospitais militares e polícia militar.