O ex-policial militar Ronnie Lessa disse na quarta-feira (28) que sentiu náusea ao ver o ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa abraçando a mãe da vereadora Marielle Franco após o crime.
Réu confesso do assassinato e delator na investigação, Lessa prestou depoimento virtual pelo segundo dia consecutivo na ação penal aberta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para decidir se Rivaldo, os irmãos Brazão e outros acusados serão condenados por atuarem como mandantes do crime.
Ronnie Lessa disse que ficou com náusea ao tomar conhecimento do encontro entre Rivaldo Barbosa e os familiares de Marielle, em abril de 2018, um mês após o assassinato. Na ocasião, o ex-delegado abraçou Marinete, mãe de Marielle, e prometeu solucionar o crime.
“Eu sou réu confesso, eu atirei na Marielle. Eu vi o Rivaldo abraçando a mãe da Marielle. Aquilo causou náusea em quem atirou. O sujeito deve ser estudado. A mente dele é para o mal”, afirmou.
Ao comentar sobre a corrupção para barrar investigações na delegacia de homicídios do Rio, Lessa disse que Rivaldo tinha influência sobre as investigações do assassinato e era conhecido como “Topa”, em alusão à expressão “Topa Tudo por Dinheiro”.
No processo, são réus o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, o irmão dele, Chiquinho Brazão, deputado federal (Sem Partido-RJ), o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Policia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira. Todos respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa e estão presos.
Ronnie Lessa está preso na penitenciária do Tremembé, em São Paulo, e prestou depoimento por videoconferência ao juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. Ele foi arrolado pela acusação, que é feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Cerca de 70 testemunhas devem depor na ação penal. Os depoimentos dos réus serão realizados somente fim do processo.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um pedido do PSOL para abrir um processo de impeachment contra o conselheiro Domingos Brazão, do Tribunal de Contas do Estado Rio de Janeiro, denunciado como mandante do assassinado da vereadora Marielle Franco.
Por unanimidade, a Corte Especial indeferiu o pedido. O colegiado é composto pelos 15 ministros mais antigos do tribunal. O pedido foi analisado no STJ porque, como conselheiro do TCE, Domingos Brazão tem direito a foro no tribunal. O ministro Raul Araújo, relator do caso, levou o processo direto para análise no colegiado, sem decisão monocrática.
O PSOL alegou que, além de responder na esfera criminal, Domingos Brazão deveria processado por crime de responsabilidade. Para o partido, se for confirmado que ele participou do assassinato, o conselheiro pode ser enquadrado por crime contra o livre exercício do poder legislativo, dos direitos políticos e contra a probidade na administração pública.
“Por sua autoria no que é considerado por muitos o ‘maior crime político da história recente do País’, consoante demonstram os documentos em anexo, deve o Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Inácio Brazão ser responsabilizado por crime de responsabilidade”, defendeu o partido.
Domingos Brazão apontado na denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o mandante do atentado que matou a vereadora. O atirador e réu confesso, Ronnie Lessa, também implica o conselheiro no crime. Ele nega envolvimento no homicídio.