A chefe de Relações Exteriores da União Europeia (UE), Kaja Kallas, disse que não haveria um vencedor em uma eventual guerra comercial entre Europa e EUA. Neste domingo, 2, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que novas tarifas a bens da UE irão “definitivamente acontecer”.
“Ouvimos atentamente essas palavras e, obviamente, também estamos nos preparando do nosso lado”, afirmou Kallas a repórteres nesta segunda-feira, 3, de acordo com transcrição da coletiva, antes de participar de uma reunião de cúpula informal da UE sobre defesa, em Bruxelas.
Kallas também destacou a interdependência entre EUA e UE, alertando que uma guerra comercial acabaria beneficiando a China. “Se os EUA iniciarem a guerra comercial, é a China que irá rir”, disse. “Estamos muito interligados. Precisamos da América, e a América também precisa de nós”, acrescentou.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que a União Europeia (UE), como uma forte zona econômica, pode moldar seus próprios negócios e reagir à política tarifária imposta pelos Estados Unidos com outras tarifas, se necessário. Ao chegar para a reunião informal dos líderes europeus, em Bruxelas, no entanto, ele disse que tanto os EUA quanto a Europa se beneficiariam da troca de bens e serviços.
Na ocasião, Scholz também destacou que Estados-membros da UE devem ser capazes de “conquistar mais, juntos” e a importância de discutirem segurança e defesa. “Há coisas para falar sobre as quais temos que avançar, por exemplo, quando se trata de como garantir que estamos na vanguarda quando se trata de inteligência artificial, computadores quânticos, a questão da biologia analítica”, pontuou.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, insistiu nesta segunda-feira, 3, que a Groenlândia não está à venda e pediu uma resposta firme de seus parceiros da União Europeia (UE) caso Trump avance com sua ameaça de tomar o controle da ilha. “Nunca apoiarei a ideia de lutar contra aliados. Mas, é claro, se os EUA impuserem termos duros à Europa, precisamos de uma resposta coletiva e robusta”, disse.
A Groenlândia, que abriga uma grande base militar dos EUA, é um território autônomo da Dinamarca, um aliado de longa data dos americanos. No mês passado, Trump deixou aberta a possibilidade de o Exército dos EUA ser utilizado para garantir o controle da Groenlândia, bem como do Canal do Panamá. “Precisamos da Groenlândia por razões de segurança nacional”, afirmou o americano.
Frederiksen disse contar com “grande apoio” de seus parceiros da UE no princípio de que “todos devem respeitar a soberania de todos os Estados nacionais no mundo e que a Groenlândia, hoje, faz parte do Reino da Dinamarca. É parte do nosso território e não está à venda”. Ela reconheceu as preocupações dos EUA sobre a segurança na região do Ártico, onde Rússia e China têm se tornado cada vez mais atuantes.
“Concordo totalmente com os americanos que o Extremo Norte, a região do Ártico, está se tornando cada vez mais importante quando falamos de defesa, segurança e dissuasão”, afirmou Frederiksen, acrescentando que EUA e Dinamarca poderiam ter “presença mais forte” na Groenlândia, em termos de segurança.
“Eles já estão lá e podem ter mais possibilidades”, disse, destacando que a própria Dinamarca também pode “intensificar” sua presença militar. “Se isso for sobre garantir a segurança da nossa parte do mundo, podemos encontrar um caminho a seguir”, declarou.