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Juro do rotativo do cartão subiu para 438,9% em outubro

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 84,8% para 82%.

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28 de novembro de 2024
Vinicius Palermo
Juro do rotativo do cartão subiu para 438,9% em outubro
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha

O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 0,5 ponto porcentual entre setembro e outubro, para 438,9%, informou o Banco Central.

A taxa do parcelado caiu 7,7 pontos, de 185,8% para 178,1%. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 84,8% para 82%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa nem sempre é efetivada, já que os consumidores normalmente ficam “pendurados” no cartão por apenas dias ou semanas.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.

A taxa média de juros no crédito livre aumentou de 39,9% em setembro para 40,2% em outubro, informou o Banco Central. Em outubro de 2023, a taxa era de 42,0%. O juro médio do crédito livre para pessoas físicas ficou estável na passagem de setembro para outubro, em 52,4%. A taxa média cobrada das empresas oscilou de 20,6% (dado revisado) para 21,4%.

A taxa do cheque especial caiu de 136,3% (dado revisado) para 135,3% no período. A do crédito pessoal aumentou de 42,2% (dado revisado) para 43,4%.

Os bancos brasileiros oferecem parcelamento de dívidas no cheque especial desde 2018, válida para débitos maiores que R$ 200. Em 2020, o BC passou a limitar os juros do cheque especial a 8% ao mês, ou 151,82% ao ano.

O juro médio no crédito para aquisição de veículos aumentou de 25,5% em setembro para 25,9% em outubro.

A taxa média no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), subiu de 27,6% para 28,1%. Em outubro de 2023, estava em 29,3%.

O Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu de 21,8% para 21,7%. O índice mostra o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O spread médio em operações de crédito livre caiu de 28,4 pontos porcentuais em setembro para 28,2 pontos em outubro, informou o Banco Central. Essa métrica representa a diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais.

O spread médio no segmento de pessoa física caiu de 40,8 pontos porcentuais em setembro para 40,2 pontos em outubro. Nas operações de empresas, passou de 28,4 para 28,2 pontos

O spread médio do crédito direcionado, com recursos da poupança e BNDES, passou de 4,0 pontos em setembro para 4,4 pontos em outubro. O spread do crédito total, que inclui livre e direcionado, permaneceu em de 18,4 pontos.

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com bancos caiu de 4,5% em setembro para 4,4% em outubro, informou o Banco Central. A taxa para pessoas físicas cedeu de 5,6% para 5,5%. A de empresas ficou estável, em 2,9%.

A inadimplência do crédito direcionado, com recursos da poupança e do BNDES, subiu de 1,5% em setembro para 1,6% em outubro. Considerando o crédito total, que inclui o livre e o direcionado, a taxa se manteve estável, em 3,2%.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro permaneceu em 48,0% em setembro, o mesmo nível de agosto (dado revisado), informou o Banco Central. O recorde histórico, de 49,9%, foi atingido em julho de 2022. Descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento também ficou estável, em 30,0%.

O programa Desenrola, encerrado em maio, promoveu a renegociação de R$ 53,07 bilhões em dívidas, ou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo o Ministério da Fazenda, ele levou a uma queda de 8,7% na inadimplência da população de baixa renda, público prioritário do programa. Das 15,06 milhões de pessoas atendidas, 5 milhões eram desse grupo e negociaram, somados, R$ 25,43 bilhões em débitos.

O comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) caiu de 26,7% em agosto (dado revisado) para 26,5% em setembro. Sem contar os empréstimos imobiliários, ele variou de 24,6% (revisado) para 24,3%.

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro cresceu 0,7% em outubro, na comparação com setembro. O estoque atingiu R$ 6,255 trilhões, alta de 10,8% no acumulado dos últimos 12 meses. O saldo para pessoas físicas avançou 1,0% e o de empresas, 0,3% entre os dois meses.

O estoque de crédito livre aumentou 0,2%. O do crédito direcionado, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e poupança, cresceu 1,4%. Entre os recursos livres, o saldo para pessoas físicas avançou 0,9% e o estoque para as empresas caiu 0,7%.

O total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 54,4% em setembro (dado revisado) para 54,5% em outubro.

O estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 1% em outubro, na comparação com setembro, informou o Banco Central. O saldo atingiu R$ 1,147 trilhão, uma alta de 12,4% em 12 meses.

O estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física avançou 2% em outubro, para R$ 340,081 bilhões Em 12 meses, cresce 20,7%.

O saldo de crédito para as empresas do setor agropecuário cresceu 1,1% em outubro, na comparação com setembro, para R$ 52,832 bilhões, informou o Banco Central. No acumulado dos últimos 12 meses, cresce 6,4%.

O saldo para a indústria diminuiu 2,3% em outubro, para R$ 895,50 bilhões. O montante destinado ao setor de serviços aumentou 0,7%, para R$ 1,459 trilhão.

O saldo do crédito para pessoa jurídica com sede no exterior e créditos não classificados (“outros”) aumentou 6,0%, para R$ 4,393 bilhões.

O saldo de financiamentos do BNDES para empresas aumentou 1,7% em outubro, na comparação com setembro, informou o Banco Central O estoque atingiu R$ 425,659 bilhões, uma alta de 5,9% nos últimos 12 meses.

As linhas de financiamento agroindustrial do BNDES cresceram 1,1% em outubro. O financiamento de investimentos aumentou 1,7% e o crédito para capital de giro, 3,5%.

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro aumentou 1,5% em outubro, na comparação com setembro, para R$ 17,90 trilhões, informou o Banco Central. Esse montante equivale a 155,8% do PIB brasileiro.

O crédito ampliado inclui empréstimos no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e operações com títulos públicos e privados, entre outros. É uma métrica que permite uma visão ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando. O saldo do crédito ampliado para empresas cresceu 1,6%, para 55,0% do PIB.

As concessões de crédito livre dos bancos aumentaram 0,7% em outubro, na comparação com setembro, para R$ 566,30 bilhões informou o Banco Central. Elas crescem 15,1% no acumulado de 12 meses. Os dados não incorporam ajustes sazonais.

Concessões para pessoas físicas cresceram 5,1%, para R$ 308,50 bilhões. Em 12 meses, sobem 14,3%. As concessões para empresas caíram 4,0% em outubro, na comparação com o mês anterior. Em 12 meses, elas têm alta de 16,1%.