Economia
Ciclo danoso

Josué Gomes diz que juros no Brasil geram problema fiscal e empobrecem nação

O presidente da FIesp, Josué Gomes, chamou de “inconcebível” a atual taxa básica de juros do Brasil, de 13,75%.

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08 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Josué Gomes diz que juros no Brasil geram problema fiscal e empobrecem nação
Josué Gomes: “o sistema tributário se tornou um cipoal burocrático altamente danoso para a economia nacional”

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, chamou de “inconcebível” a atual taxa básica de juros do Brasil, de 13,75%. Na avaliação dele, os juros reais praticados no País são “causadores do problema fiscal” e “empobrecem” a nação.

“É inconcebível que um país tão rico como o Brasil, que oferece tanta segurança para o credor do Estado brasileiro, continue praticando taxas de juros tão mais altas do que os países com os quais competimos no cenário internacional”, afirmou Gomes, durante reunião da diretoria da Fiesp, na manhã de segunda-feira, 8.

“Os juros reais praticados nos últimos 29 anos no Brasil são causadores do problema fiscal. Entramos em um círculo vicioso altamente danoso para a economia nacional. O Brasil precisa romper esse ciclo, sob pena de continuarmos empobrecendo”, enfatizou ainda o presidente da instituição.

As declarações de Gomes vêm após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter, em reunião na última quarta-feira, 3, a taxa Selic em 13,75%. Este patamar está em vigor desde agosto de 2022.

O presidente da Fiesp disse também que não se deve “fulanizar o debate”, ao citar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alvo de críticas constantes do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e ministros do governo.

Ele defendeu, no entanto, que a discussão sobre os juros não seja feita apenas pelos “técnicos”. “Esse debate é um debate público”, afirmou Gomes.

Gomes afirmou ainda que a Fiesp, de forma “unânime”, vai apoiar a proposta de reforma tributária em discussão no Congresso Nacional. Para ele, o sistema atual se “exauriu”.

“O sistema tributário se tornou um cipoal burocrático altamente danoso para a economia nacional. Já é momento de o Brasil abandonar um sistema tributário que só o Brasil tem”, defendeu o presidente da Fiesp.

Durante reunião com a diretoria do Fiesp, em São Paulo,  o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), elogiou o trabalho da equipe econômica de Fernando Haddad, ministro da Fazenda e afirmou que o arcabouço fiscal idealizado pela equipe será “aprovado com sentimento de urgência” assim que chegar ao Senado. O líder também declarou que a taxa básica de juros é um “atravancador” do crescimento nacional e que é, no atual cenário, é possível reduzi-la gradativamente.

Para além da boa avaliação do trabalho da equipe econômica do governo petista, Pacheco também entrou em sintonia com o governo no que diz respeito à taxa básica de juros.

Apesar de não adotar o tom crítico do Executivo, o senador avaliou que com o novo governo, e as reformas planejadas, é “absolutamente possível” ter uma redução gradativa da taxa básica de juros, que atualmente está em 13,75% ao ano.

“No momento que nós temos um novo governo, que nós temos um arcabouço fiscal apresentado na iminência de ser aprovado, nós temos uma boa perspectiva de reforma tributária, nós temos uma contenção relativa da inflação, nós temos o nosso câmbio controlado nesse instante na relação real dólar, e eu vejo absolutamente possível se ter uma redução gradativa dessa taxa básica de juros”, argumentou Pacheco.

O ministro da Fazenda anunciou na segunda-feira, 8, a indicação de Gabriel Galípolo, atualmente seu secretário-executivo no ministério, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central. Para a outra diretoria vaga do BC, a de Fiscalização, a escolha do governo foi de Ailton Aquino, atual chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira, ligado à diretoria de Administração do BC.

O nome dos dois, que ainda têm de ser confirmados no Senado, já estavam circulando para assumir cargos na autoridade monetária.

A ida de Galípolo para o BC faz parte de uma intenção do governo de ir mudando a autarquia por dentro, diante das divergências com a atual liderança de Roberto Campos Neto.

Aquino, que já foi auditor-chefe do órgão, é bem avaliado, conhecido por posições técnicas, internamente. Caso confirmado pelo Senado, Aquino será o primeiro diretor negro do BC.

Para o cargo de Galípolo na secretaria-executiva da Fazenda, Haddad escolheu Dario Durigan, que já trabalhou com ele como assessor especial na prefeitura de São Paulo e atualmente é chefe de políticas públicas do Whatsapp no Brasil.

Segundo Haddad, Galípolo vai continuar despachando da Fazenda até a deliberação do seu nome pelo Senado.