Em semana mais curta pelo feriado de amanhã, da Proclamação da República, o Ibovespa manteve nesta quinta-feira, 14, o padrão de pouca variação que marcou o intervalo. Com os investidores optando por não fazer posição antes do anúncio do pacote de cortes de gastos – que enfim deve chegar na próxima semana, após a reunião do G20 no Rio -, o índice da B3, tendo acumulado perdas nas três semanas anteriores, operou bem perto da estabilidade entre a segunda e esta quinta-feira, em variação de -0,03% no período. Nas três semanas precedentes, as leituras ficaram em -0,23%, -1,36% e -0,46%, da mais recente para a mais antiga.
Nesta quinta-feira, o Ibovespa oscilou dos 127.388,86 aos 128.423,48 pontos, entre a mínima e a máxima da sessão, em que saiu de abertura aos 127.733,99 pontos. Ao fim, mostrava leve ganho de 0,05%, aos 127 791,60 pontos, com giro financeiro a R$ 28,8 bilhões em dia de vencimento de opções sobre ações. No mês, o índice da B3 recua 1,48% e, no ano, cede 4,76%.
Nesta quinta-feira, a principal ação do Ibovespa, Vale ON, seguiu em baixa, hoje de 0,56%, na mínima do dia no fechamento. Assim, acumula perda de 6,25% na semana e, até aqui, de 8,41% no mês, em meio a ajustes nos preços do minério e a incertezas sobre a demanda chinesa, após a relativa frustração com os mais recentes anúncios sobre estímulos econômicos no país. O minério voltou a convergir para o limiar de US$ 100 por tonelada, já negociado abaixo desse nível, a US$ 98,45, em Cingapura, e a US$ 98,83, em Qingdao, no fechamento desta quinta-feira.
Por outro lado, Petrobras (ON +1,45%, PN +1,06%) garantiu hoje algum suporte para o índice como nas sessões anteriores – na semana, os papéis da empresa avançaram, respectivamente, 3,66% e 3,01%, em ganho semelhante ao desempenho no mês.
Por sua vez, os grandes bancos, como ontem, tiveram desempenho misto na sessão, com variação entre -2,24% (BB ON) e +0,50% (Bradesco ON) nesta quinta-feira. Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque hoje para Marfrig (+8,26%), Brava (+6,59%) e CVC (+5,99%). No lado oposto, MRV (-7,07%), Ultrapar (-6,22%) e Petz (-5,53%).
No fim da tarde desta quinta-feira, em discurso durante evento, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que o BC americano não pretende correr no processo de relaxamento monetário. “A economia não está enviando quaisquer sinais de que precisamos ter pressa em baixar os juros”, afirmou. Ele explicou que a força recente da atividade econômica permite ao Fed adotar abordagem cautelosa. “Em última análise, a trajetória da taxa básica dependerá da evolução dos dados recebidos e das perspectivas econômicas”, reiterou.
Powell disse também que “parece inteligente” seguir com corte de juros mais lentamente, se os dados permitirem. E ressaltou que a política monetária está restritiva, mas que há incerteza sobre quão restritiva.
Em Nova York, que opera normalmente amanhã, o ajuste do dia ficou na faixa de 0,4% a 0,6% para os principais índices de ações: Dow Jones (-0,47%), S&P 500 (-0,60%) e Nasdaq (-0,64%), em parte contidos pela leitura sobre a inflação ao produtor.
Dólar
Em sessão morna e de oscilações contidas, o dólar fechou praticamente estável no mercado doméstico, em mais um dia marcado pela expectativa em torno do pacote de corte de gastos em gestação no governo Lula. Lá fora, a moeda americana teve comportamento misto em relação a divisas emergentes e avançou na comparação com pares, sobretudo após discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, acenando com cautela no corte de juros.
Na abertura dos negócios, o dólar superou o nível de R$ 5,80 e tocou máxima de R$ 5,8308 – o que, segundo operadores, teria disparado ordens para realização de lucros e jogado a taxa de câmbio para baixo. Além disso, os retornos dos Treasuries perderam fôlego, amenizando as pressões sobre moedas de países emergentes.
Com mínima a R$ 5,7635, o dólar fechou cotado a R$ 5,7881 (-0,02%). Na semana, a moeda americana subiu 0,91% em relação ao real, que apresentou desempenho superior a de seus pares latino-americanos no período. Em novembro, o dólar tem variação bem modesta em relação ao real (0,12%).
Juros
Os juros futuros, que já perdiam fôlego de baixa ao longo da tarde, zeraram a queda na reta final para fecharem com viés de alta a partir dos vértices intermediários, na esteira de declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizando não haver pressa para cortar juros. A fala pressionou a ponta curta dos Treasuries e acabou respingando por aqui, neutralizando o alívio vindo da perspectiva de um pacote de corte de gastos robusto sinalizada ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em boa parte do dia, a queda nos rendimentos dos Treasuries e das commodities estimularam correção parcial das altas das últimas sessões.
Na semana, a curva ganhou inclinação, com as taxas todas em alta, mas mais pronunciada nos vencimentos de médio e longo prazos, em relação aos níveis da última sexta-feira, mesmo com a ata do Copom sendo considerada “hawkish”.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 13,23%, de 13,24% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 13,40% para 13,44%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 13,25% (de 13,22%).
Apesar do ajuste desta quinta-feira, a grande maioria dos contratos segue rodando com taxas em níveis acima de 13%, com destaque para os vértices intermediários, que captam a percepção dos agentes para o atual ciclo de política monetária, que, por sua vez, está contaminada pelo pessimismo em relação ao cenário fiscal.
Há semanas o governo vem ensaiando divulgar as medidas de redução de despesa que possam estabilizar a trajetória da dívida pública o que, pela sinalização do ministro, deve ocorrer na próxima semana. O mercado acredita que será após as reuniões de líderes do G20, no Rio, que terminam na terça (19). O ministro viaja para a capital fluminense no sábado e acompanhará o presidente Lula.