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Greve em massa por causa dos reféns leva a paralisações e reflete incerteza política

Milhares de israelenses foram às ruas no final do domingo, dia 1º, em luto e raiva por conta da morte de reféns em Gaza.

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02 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Greve em massa por causa dos reféns leva a paralisações e reflete incerteza política
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu

Um raro pedido de greve geral em Israel para protestar contra o fracasso na devolução dos reféns mantidos em Gaza levou a paralisações e outras interrupções em todo o país na segunda-feira, 2, inclusive em seu principal aeroporto internacional. Mas ela foi ignorada em algumas áreas, refletindo as profundas divisões e incertezas políticas.

Milhares de israelenses foram às ruas no final do domingo, dia 1º, em luto e raiva depois que seis reféns foram encontrados mortos em Gaza, no que parece ser o maior protesto desde o início da guerra, com organizadores estimando participação de aproximadamente 500 mil pessoas. As famílias e grande parte do público culparam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, dizendo que eles poderiam ter sido devolvidos vivos em um acordo com o Hamas para acabar com a guerra de quase 11 meses.

Após os protestos, o maior sindicato de Israel, o Histadrut, convocou uma greve geral na segunda-feira, a primeira desde o início da guerra. O objetivo é fechar ou interromper os principais setores da economia, incluindo bancos, assistência médica e o principal aeroporto do país.

Companhias aéreas do principal aeroporto internacional de Israel, o Ben-Gurion, interromperam o check-in e a partida de voos de saída pela manhã, entre as 8h e 10h (horário local), remarcando as viagens e mantendo apenas operações normais para voos de chegada, de acordo com a Autoridade de Aeroportos de Israel. Entre outros setores, o Histadrut disse que os bancos, alguns grandes shopping centers e escritórios do governo estavam aderindo à greve, assim como alguns serviços de transporte público, embora não parecesse haver grandes interrupções.

Mas outros grupos não aderiram à greve e apoiam a estratégia de Netanyahu de manter uma pressão militar implacável sobre o Hamas, cujo ataque de 7 de outubro contra Israel desencadeou a guerra. Eles dizem que isso acabará forçando os militantes a cederem às exigências israelenses, facilitando potencialmente as operações de resgate e, por fim, aniquilando o grupo.

A mídia israelense informou que o Estado apelou a um tribunal trabalhista para cancelar a greve, dizendo que ela tinha motivação política.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na segunda-feira (2) que o presidente de Israel não está fazendo “o bastante” para alcançar um acordo de libertação de reféns e de cessar-fogo com o Hamas. A fala do presidente americano acontece dois dias após seis corpos de prisioneiros serem encontrados mortos em Rafah, ao sul de Gaza.

No entanto, Biden insistiu em dizer que as negociações estão “muito próximas” de chegarem em um acordo. “A esperança é eterna”, afirmou. Os comentários foram direcionados à repórteres quando o presidente estava chegando na Casa Branca para uma reunião no gabinete de crise, com a participação de conselheiros envolvidos na negociação do acordo de reféns e de cessar-fogo em Gaza.