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Fumaça cobre Brasília após fogo no Parque Nacional

O incêndio consumiu 700 hectares da área de proteção ambiental e o tempo quente e seco dificulta o trabalho das equipes e facilita a propagação das chamas.

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16 de setembro de 2024
Fumaça cobre Brasília após fogo no Parque Nacional
Foto: Joédson Alves - Agência Brasil

O incêndio no Parque Nacional de Brasília, que começou neste domingo, 15, encobriu a capital federal de fumaça durante a madrugada e manhã de segunda-feira, 16. Como resultado, escolas – especialmente aquelas situadas próximo ao parque, na região da Asa Norte – suspenderam aulas. A Universidade de Brasília (UnB) também optou por não realizar atividades presenciais.

Em razão da queimada, é possível avistar pessoas usando máscaras para evitar a inalar a fumaça, que até dificultou a vista de quem transitava pelas ruas no começo da manhã. A Secretaria da Educação do Distrito Federal permitiu que escolas próximas às áreas afetadas tenham autonomia para suspender as aulas caso identifiquem riscos à saúde dos alunos. Até o momento, o CEF 306 Norte, o Centro de Ensino Médio da Asa Norte (CEAN), o CEM Paulo Freire, na 610 Norte e o Centro de Ensino Fundamental 1 do Lago Norte (CELAN) suspenderam as aulas.

O incêndio consumiu 700 hectares da área de proteção ambiental, informou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Uma densa e escura coluna de fumaça pode ser vista saindo do parque, também conhecido como Água Mineral. Com 146 dias sem chuvas este ano no Distrito Federal (DF), o tempo quente e seco dificulta o trabalho das equipes e facilita a propagação das chamas.

O período em que o Distrito Federal enfrentou uma seca mais aguda foi em 1963 com 163 dias sem chuvas, informou o Instituto Nacional de Meteorologia. O coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio, João Morita, disse que 93 combatentes de instituições como ICMBio, Corpo de Bombeiros e PrevFogo estão lutando contra as chamas com a ajuda de um avião e um helicóptero.

“O fogo ainda está na mesma região que ele atingiu ontem (domingo). Ele não está controlado. A gente queria ter controlado ontem. Vamos trabalhar para controlar hoje (segunda). Se não controlar hoje, a gente vai trabalhar para controlar amanhã (terça-feira)”, explicou Morita, acrescentando que há locais em que as chamas se espalham com velocidade.

O incêndio começou por volta das 11h30 desse domingo (15) e não há previsão de quando ele deve ser controlado. As equipes suspenderam os trabalhos por volta das 22h de domingo, retornando às 6h de segunda.

Inicialmente, o ICMBio informou que foram consumidos 1,2 mil hectares do parque. Porém, a área foi recalculada. Um hectare equivale a aproximadamente um campo de futebol profissional e o Parque de Brasília tem 42,3 mil hectares de extensão. A maior de todas as queimadas – a de 2010 – consumiu 15 mil hectares da área total do parque.  

Três agentes da Polícia Federal (PF) estiveram no Parque de Brasília na manhã de segunda-feira (16) para investigar a origem do fogo. Na avaliação de Morita, como não houve raios na região, a principal hipótese é de incêndio criminoso. 

“A gente passou as informações da região onde começou o incêndio e a Polícia Federal foi para o campo começar o processo de elaboração da perícia. Como não teve chuva nos últimos dias, não teve raio. Então, alguém, de forma proposital, fez a ignição do fogo”, acrescentou.

Apesar de não ter relatos de morte de animais, uma vez que eles estão com espaço de fuga para conseguir sair dos locais com fogo, o coordenador do ICMBio, João Morita, destacou que as chamas têm causado prejuízo ao destruir as matas de galeria que protegem os cursos d’água.

“O fogo não está correndo só pela área de cerrado aberto. Ele pegou algumas matas de galeria que protegem os cursos d’água. Ele começou ali na região do córrego do Bananal, próximo da captação de água da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), observou.

O excesso de fumaça fez com que a Universidade de Brasília (UnB) e algumas escolas próximas do Parque Nacional de Brasília suspendessem as aulas presenciais. As torres que medem a qualidade do ar no Distrito Federal são antigas e só emitem uma medição a cada seis dias.  

O presidente do Instituto Brasil Ambiental (Ibram), Rôney Nemer, informou que não se sabe se as medições privadas que têm sido feitas são confiáveis. Ele acrescentou que o Governo do Distrito Federal (GDF) autorizou a compra de equipamentos novos. De toda forma, como prevenção, decidiu-se permitir a suspensão das aulas.

“À noite do último domingo, a qualidade do ar estava bem ruim porque houve uma calmaria no vento e essa fumaça toda desceu, principalmente na região norte do Plano Piloto de Brasília. Mas, com o amanhecer do dia, o vento voltou a circular e dissipou bastante, melhorando a qualidade do ar”, finalizou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou o Parque Nacional no domingo e reuniu-se com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na segunda para tratar das mudanças climáticas e dos incêndios que assolam o Brasil.

A queimada na região perdura. Por volta das 12h de segunda, havia um efetivo de cerca de 70 combatentes, entre eles integrantes do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF) e do governo federal.

Segundo o CBMDF, o fogo é considerado de “grandes proporções”, mas está sob controle. Os combatentes, porém, lidam com cautela, muito em razão do clima seco e demais circunstâncias climáticas
Conhecido como Água Mineral, o parque nacional é uma unidade de conservação vinculada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

O ICMBio confirmou que o incêndio começou em região próxima à residência oficial Granja do Torto e que, desde domingo, mantém brigadistas no local, em apoio ao Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

Em meio à seca que há meses atinge a capital federal, a Secretaria de Educação já havia feito algumas orientações sobre medidas durante o período de estiagem. Entre elas, a suspensão temporária das aulas de educação física, mas com a ressalva de que os alunos devem ter outras atividades no mesmo horário, seguindo orientação da gestão escolar.

Foi também recomendado que as escolas mantenham os bebedouros em boas condições. A secretaria sugeriu, aos estudantes, que levem sua garrafinha de água para a escola, de forma a terem condições de fazer um consumo regular de água.

A secretaria sugere que as salas de aula estejam sempre bem ventiladas e que medidas de higiene sejam reforçadas em todos os ambientes escolares, o que inclui pátios, sanitários e salas de aula.