A Fitch Ratings elevou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2024, para 2,7%, 0,10 ponto porcentual acima do projetado em junho, segundo relatório trimestral de perspectivas globais divulgado nesta terça-feira, 10. A agência de classificação de risco atribuiu a revisão a elevações nas projeções de crescimento para os EUA, Reino Unido e para mercados emergentes excluindo a China.
Mas o ímpeto deve diminuir em 2025, pondera a Fitch, com a redução dos impulsos fiscais e queda no consumo das famílias. Para o próximo ano, a agência projeta que o PIB avançará 2,5%, com desaceleração ainda maior em 2026, a 2,4%.
Ademais, o ciclo de afrouxamento monetário promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve ser reduzido e de impacto limitado no crescimento, aponta o relatório. O PIB dos Estados Unidos deve avançar 2,5% em 2024, afirma a Fitch, mais do que a previsão anterior da agência de classificação de risco, de 2,1%, divulgada em junho.
Porém, a expectativa agora é de que o crescimento desacelere mais intensamente, para 1,6% em 2025 e mantenha esse ritmo em 2026, com o “aumento acentuado” do déficit governamental dos EUA freando parte do ímpeto. Além disso, uma alta esperada nas importações tende a pesar sobre a contribuição do comércio líquido no PIB, além da queda no consumo e do enfraquecimento da aceleração da renda familiar.
Sobre a perspectiva de juros, a Fitch espera que o Fed realize cortes de 25 pontos-base em setembro e dezembro e mais 1,25 ponto porcentual em 2025 e 0,75 ponto porcentual em 2026. O que, segundo eles, representa um ciclo de flexibilização muito menos agressivo do que os anteriores, já que a inflação de serviços segue incomodando.
Em seu relatório trimestral, a Fitch afirma que o desemprego vem aumentando gradualmente nos EUA. Isso, segundo a agência, reflete principalmente uma retomada na oferta de mão de obra, em vez de uma queda na demanda por mão de obra e, portanto, não sinalizaria o início de uma recessão. “Mas as condições do mercado de trabalho estão definitivamente esfriando. Isso está aliviando as pressões sobre a inflação salarial, na margem, dando aos bancos centrais mais confiança para cortar as taxas de juros”, afirma o relatório.
A projeção é que a inflação ao consumidor americano suba 2,7% em 2024, e desacelere a 2,4% ao fim de 2025, mantendo-se no mesmo patamar durante 2026. Já a taxa de desemprego dos EUA deve se manter em 4,2% neste ano, mas acelerar a 4,8% ao fim do ano que vem e 4,9% no encerramento de 2026.
A Fitch Ratings manteve sua projeção de crescimento para o PIB chinês em 4,8% este ano, mas espera desaceleração para 4,5% em 2025 e 4,3% em 2026. No relatório trimestral de perspectivas globais, a agência diz que os gastos do consumidor local seguiram perdendo força, com o crescimento de crédito em nível historicamente deprimido, mas a demanda externa seguiu sustentado a segunda maior economia do mundo.
Mesmo com expectativa de moderação do crescimento chinês à frente, os analistas da Fitch esperam que a dinâmica do investimento melhore no país, com o impacto das medidas de estímulo fiscal e monetário apoiando a demanda doméstica. Os principais riscos de queda para a sua projeção continuam sendo um estímulo fiscal menor do que o esperado e uma desaceleração mais longa do que o esperado no mercado imobiliário.
As pressões inflacionárias permanecem moderadas, avalia a agência de classificação de risco, com expectativa de alta de 0,5% no final do ano, ante projeção de 0,8% em junho. Para 2025, a Fitch espera avanço de 1,2%.
A Fitch ainda projeta que as taxas de juros permanecerão estáveis este ano, mas entendem que a valorização da taxa de câmbio vista desde julho permite mais espaço para flexibilizar a política, de 2,3% para 2,2% no fim de 2024. E um novo afrouxamento deve acontecer no próximo ano, para 2,0%.
A agência de classificação de risco elevou a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, de 1,7% para 2,8%, e manteve em 2% a estimativa de expansão anual para 2025 e 2026. Em relatório, a Fitch diz que a economia brasileira demonstra força e que o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o crescimento aparentemente foi “limitado e de vida curta”.
“A atividade se provou resiliente diante de uma política monetária ainda apertada, em parte amparada por gastos fiscais mais altos e por um aumento no salário mínimo. O crescimento do crédito desacelerou mais cedo no ano, mas começou a crescer de novo, e os indicadores do mercado de trabalho continuam fortes”, avaliou.
A desaceleração no ritmo de crescimento do PIB esperada para o ano que vem viria de uma expansão global mais fraca, de um aperto da política monetária, da diminuição do impulso fiscal e da ausência de fatores extraordinários que impulsionaram a economia brasileira neste ano – como por exemplo os pagamentos de precatórios que estava represados e foram distribuídos à população.
A Fitch pondera, no entanto, que a aprovação de reformas como a tributária pode ajudar a trazer um crescimento maior que o esperado nos próximos dois anos. A agência também prevê inflação de 4,50% em 2024 – no limite da faixa de tolerância da meta buscada pelo Banco Central -, com desaceleração para 4,00% ao fim de 2025 e a 3,8% no encerramento de 2026.
Neste cenário, a Selic começaria a aumentar em setembro, passando de 10,50% atualmente para 11,25% até o final do ano. Depois disso, as taxas diminuíram gradualmente, alcançando 10,50% ao fim de 2025 e 9,5% no final de 2026. Ainda segundo a Fitch, o real deve terminar 2024 em R$ 5,40 e chegar ao final do ano que vem em R$ 5,30 por dólar.