Existe uma enfermidade lá fora. Uma que é bem grave e leva muitas vidas, há aqueles que não dimensionam e acreditam que seja coisa sem importância, até que enfrentam e reparam que era mais grave do que parecia.
Existe uma enfermidade lá fora, e também há aqueles que fazem alertas sobre ela, mas, talvez falte um pouco de ênfase acerca dos cuidados necessários para evitá-la, e mais, não existem testes disponíveis para todos que apresentam sintomas.
Aliás, essa enfermidade muitas vezes se disfarça com sintomas que parecem comuns, e isso faz com que o enfermo não peça ajuda, e muitas vezes, ele nem sabe que é possível pedir. De todas as que existem essa talvez seja a mais grave, pois, mata sem deixar morrer.
E como seria isso possível? A enfermidade mais grave que a humanidade enfrenta é a depressão, é a morte da alma, é não saber como lidar quando a ferida é invisível e as consequências são incalculáveis.
E, para enfrentar qualquer outra aflição da vida, é preciso que o interior esteja forte, é preciso haver ânimo e esperança, e até a ciência se rende a essa perspectiva. E mesmo havendo muito conhecimento sobre reações químicas e biológicas, o ser humano ainda apresenta características que estão além, e é preciso falar sobre elas, e, principalmente, é preciso cuidar também.
A verdade é que todos estão a enfrentar muitas dores, um bom remédio é ajudar a dor do outro, mas custa demasiado, uma vez que não se sabe lidar com a própria dor.
A graça está exatamente no fato de que quando se guarda a própria dor para ajudar a dor do outro, por alguma reação mágica, as duas diminuem.
É possível usar a própria dor como desculpa e se eximir de agir, mas muito melhor é unir-se para que as duas dores possam sair.
Em tempos como tais, é preciso que a empatia e a compaixão ganhem destaque, que haja menos críticas e julgamentos, e mais amor e liberdade.
Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, pelo contrário, é sinal de coragem.
Seres humanos cometem erros, então devemos compreender mais e apontar menos, buscar ser melhor a cada dia, com a consciência que não seremos perfeitos. Com o mesmo amor e empatia abraçar a quem amamos e compreender aqueles com quem convivemos.
A vida pode sempre ser mais leve, se nos preocuparmos em fazer a nossa parte, sem desmerecer o próximo. Com tantas adversidades, não vale a pena discutir por pouco, com tanta falta de caráter, vale a pena valorizar quem tem.
E valorizar, elogiar, agradecer nunca sai de moda, e ainda nos ajuda a crescer. Ser forte é compreender que há muito mais vida além do que podemos ver e quando conseguimos tempo para o que realmente importa, tudo ganha mais sentido e isso é realmente viver.
Suellen Escariz – Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra, servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – Instagram