A escolha de um nome de consenso para disputar a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara continua amarrada e é fruto de conversas na quarta-feira, 4. Enquanto o deputado Elmar Nascimento (União-BA) resiste a deixar a disputa pela presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) tem encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na noite da terça-feira, 3, Marcos Pereira (Republicanos-SP) desistiu da disputa e abriu caminho para a candidatura de Motta. No mesmo dia, Pereira se encontrou com Lula. Segundo o deputado do Republicanos, o petista teria avisado que não tem nada contra o nome de Motta.
Pereira disse que no encontro com o presidente da República apresentou o nome de Motta como um “coringa” e um “trunfo”. O parlamentar afirmou que Lula, em um primeiro momento, questionou a idade de Motta, que tem somente 34 anos de idade. Segundo Pereira, Lula teria perguntado: “Ele não é muito novo?”.
Pereira, no entanto, reforçou que Motta é “novo com experiência”, “muito talentoso” e tem quatro mandatos como deputado. “Eu falei das qualidades do Hugo Motta. E o presidente me disse: ‘Então, está bom. Se você está referendando, você pode ir ao Arthur Lira dizer que eu não tenho nada contra’”, contou Pereira na entrevista.
O presidente do Republicanos disse que o seu homólogo no PSD, Gilberto Kassab, não referendou sua candidatura ao posto com o presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Segundo Pereira, Kassab disse que “não era o momento”. Mas, na avaliação do parlamentar, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tinha um “timing” para o nome. “Esse tempo na segunda-feira já tinha até sido ultrapassado. Então, ele Kassab disse não para o governador de São Paulo e disse não para o presidente da República”, afirmou.
Em um outro trecho da entrevista, apesar de não receber o apoio, o presidente do Republicanos disse que sua relação com Kassab continua a mesma.
Elmar Nascimento, que era considerado o predileto de Lira para o posto, disse a aliados que pretende se manter no páreo. A avaliação na Câmara é de que Motta é o candidato de consenso e a primeira opção de todos, mas interlocutores de Elmar dizem que o presidente da Câmara se comprometera a apoiá-lo para a sucessão na Casa.
Na noite da terça-feira, 3, depois de Pereira deixar a disputa, Lira e Elmar se reuniram, mas o deputado do União se mostrou contrariado em aceitar um acordo. Uma das possibilidades colocada na mesa é que Elmar seja indicado para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).
A Câmara tem direito a indicar dois nomes para a Corte de Contas a partir de 2026. Há, porém, uma articulação em curso para que os ministros Aroldo Cedraz – o primeiro a se aposentar – e Augusto Nardes antecipem suas saídas. O mandato de Nardes termina em 2027, mas as negociações podem fazê-lo renunciar antes para concorrer a um cargo eletivo no Rio Grande do Sul, em 2026.
Em julho, Lira já via Motta com mais chance de ganhar votos na Câmara, diante dos problemas enfrentados por Elmar. Em uma reunião de líderes dos partidos com Lula, no último dia 26, Elmar disse que Lira era o seu melhor amigo e, se não conseguisse convencê-lo de que era o melhor candidato, desistiria.
Considerado o favorito de Lira desde o ano passado e amigo pessoal do presidente da Câmara, Elmar sofre resistência de petistas por atritos com o PT na Bahia, além de já ter se referido ao partido como “organização criminosa” e de ter chamado Lula de “ladrão”.