O deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP), um dos políticos mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o partido por ter assinado um manifesto contra o pacote de ajuste fiscal articulado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Emídio divulgou o texto nas redes sociais.
“A conjuntura atual e os estreitos limites em que o governo opera, com um Congresso hostil e uma amplíssima e frágil composição, desautoriza qualquer amadorismo. O PT não pode fazer de conta que não é governo nem desconhecer os claros limites do orçamento público e do regramento constitucional e infra constitucional que regem a receita e a despesa do governo”, escreveu o político paulista.
Emídio se refere ao documento assinado pelo PT, outros partidos de esquerda, integrantes do governo e diversos movimentos sociais: “Chega de hipocrisia e de chantagem! Cortar recursos de quem precisa do Estado e dos investimentos públicos só vai levar o País de volta a um passado de exclusão e injustiça que os movimentos sociais e o povo lutam há tempos, todos os dias, para transformar numa sociedade melhor e mais justa”, afirma o texto divulgado no domingo, 10.
Emídio de Souza disse que é compreensível os movimentos sociais assinarem o manifesto, por serem “porta-vozes de legítimas aspirações do povo brasileiro”. Ele também relativiza a conduta dos partidos aliados ao governo petista: “Os demais partidos de esquerda, embora componham a frente ampla que elegeu o presidente Lula em 2022 e façam parte do primeiro escalão do governo, têm sua própria dinâmica e interesses”. Depois, afirma que do PT era esperada “outra postura”.
O deputado estadual também compara a situação à do início do primeiro governo de Lula, quando a gestão tomou medidas de corte de despesas. “O mundo não acabou e o resultado foi um governo com mais de 80% de aprovação. Um governo não é corrida de 100 metros. É uma maratona onde o que mais importa é como chegaremos à reta final”, afirma o texto de Emídio.
O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira, 11, que confia na decisão que a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tomarão decisões que tragam um crescimento sustentável das despesas públicas.
“Eu confio que a equipe econômica, e o presidente Lula, que está ouvindo todos os lados, vai tomar uma decisão sábia sobre o crescimento sustentável das despesas públicas, preservando a capacidade de investimento”, disse Mercadante em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco de fomento.
Mercadante afirmou esperar que o PT apoie as medidas. Ele afirmou que o partido precisa apoiar o governo “em qualquer situação”.
O adiamento do anúncio do pacote e incertezas quanto ao apoio do presidente Lula às medidas têm gerado estresse sobre os ativos financeiros brasileiros na última semana.
“O partido do governo tem de sustentar o governo em qualquer cenário”, afirmou Mercadante. “O PT às vezes é tão complexo que não precisa de oposição, ele cumpre vários papéis.”
O BNDES teve lucro líquido total de R$ 19 bilhões de janeiro a setembro deste ano, crescimento de 31,4% em um ano. Pelo critério recorrente, que exclui fatores como recuperação de crédito, o resultado foi de R$ 9,8 bilhões, alta de 48,5% no mesmo período.
“O crescimento do lucro foi principalmente na intermediação financeira, nas áreas em que o BNDES atua”, afirmou o diretor Financeiro, Alexandre Abreu, em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco público de fomento.
A carteira de crédito expandida do BNDES subiu 11,1% em um ano, para R$ 550,3 bilhões. Abreu disse que a partir de 2023, período que abrange o atual governo, houve uma tendência de recuperação da carteira do banco. Em anos anteriores, o banco de fomento vinha perdendo espaço no mercado.
A inadimplência do BNDES ficou em 0,001%, queda de 0,01 ponto porcentual em 12 meses.
O índice de Basileia, que mede a solidez do balanço, ficou em 31,9%, alta de 0,6 ponto porcentual em um ano. “A Basileia demonstra que temos espaço para crescer no balanço do banco”, afirmou Abreu.
Nos nove primeiros meses deste ano, as aprovações de crédito pelo banco de fomento subiram 39% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 137,4 bilhões. As aprovações para indústria somaram R$ 37 bilhões, e para o agronegócio, R$ 35,1 bilhões. Foi a primeira vez desde 2017, segundo Abreu, que as aprovações para a indústria foram maiores.