O corpo do autor do ataque a bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que ocorreu na noite de quarta-feira, 13, foi retirado na manhã desta quinta-feira, 14, do local, por volta das 9 horas. Um carro do Instituto Médico Legal (IML) levou o corpo e, no local, restam apenas carros do Esquadrão Antibombas.
O autor do ataque a bombas é Francisco Wanderley Luiz, que morreu em área próxima ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Federal foi acionada no momento e enviou agentes para o local, enquanto ministros da Corte foram retirados às pressas da sede do tribunal. Uma hora antes da explosão, o autor do ataque fez uma publicação nas redes sociais com ataques ao Supremo, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes das duas Casas do Congresso Nacional, Arthur Lira (PP-AL), da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Senado.
Após a explosão, o Palácio do Planalto sofreu uma varredura. Além disso, medidas de segurança no prédio também foram reforçadas. Seguranças também foram reforçadas no Alvorada e no Palácio do Jaburu.
Além de visitar o Supremo Tribunal Federal (STF), o autor de ataque a bombas na Praça dos Três Poderes visitou a Câmara dos Deputados e esteve no gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC) no ano passado. Eles são do mesmo Estado, Santa Catarina. Goetten relata que conhecia Luiz de Rio do Sul (SC) e que ele estava visivelmente “alterado” já em 2023.
“Notei que, no ano passado, ele estava alterado. Diziam que estava com problemas mentais por causa da separação da mulher”, afirma Goetten, que relata não saber que Luiz estava em Brasília nesta quarta-feira, 13. “Conhecia ele, era um cara equilibrado. Sempre foi um cara ativo. Lamento muito o acontecido. Lamento a morte e lamento o que ele causou”, diz Goetten.
Na conversa, segundo o parlamentar, os dois relembraram do passado em festas no interior de Santa Catarina durante a juventude. Luiz atuou como empresário no setor de festas. Em 2020, Luiz foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL, partido hoje do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Goetten chegou a se reunir com ele neste período.
Segundo o relato do deputado, Luiz não parecia estar “alterado” como aconteceu no encontro em 2023.
Luiz visitou o STF em agosto deste ano e tirou uma selfie no plenário da Corte. “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”, debochou ele.
Depoimento de um segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) relata como Francisco Wanderley Luiz tentou invadir a Corte carregando bombas e acabou por se matar na frente do prédio público. Natanael da Silva Camelo foi ouvido pela Polícia Civil do Distrito Federal na quarta-feira, 13, e revelou ter sido a última pessoa abordar o homem antes da explosão fatal.
O boletim de ocorrência da Polícia Civil traz o nome de Francisco Luiz, o identifica como ex-candidato e aponta que mensagens postadas por ele com cunho político podem ser a motivação para o ato violento.
Segundo o registro policial, explosões na Praça dos Três Poderes ocorreram por volta das 19h30. O caso também está sendo investigado pela Polícia Federal.
“Diligências preliminares foram realizadas, e, assim, identificou-se que o veículo, um KIA/SHUMA SL, cor bege, de placa MBD-5C76, em nome de Francisco Wanderley Luiz, teria explodido em via pública próxima a um dos anexos do STF. Outros dados a respeito da vítima foram obtidos, tendo sido possível identificar uma possível motivação, tendo em vista o conteúdo político de postagens no perfil de Francisco em suas redes sociais”, diz o BO da delegacia.
O registro policial aponta ainda que Francisco Luiz postou mensagens com “conteúdo que antecipavam o ocorrido no dia de hoje (quarta-feira,13), manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”.
Francisco, o homem-bomba que morreu na Praça dos Três Poderes, vestia um paletó verde com símbolos de naipes do baralho. As explosões destruíram a parte de trás da cabeça dele e a mão direita. Havia uma mochila perto de seu corpo, que ficou estendido em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso e há suspeita de que o atentado tenha motivação política. O carro de Francisco também foi incendiado. Em 2020, ele se candidatou a vereador de Rio do Sul (SC), com o apelido de Tiü França, mas não foi eleito.