Economia
Aperto monetário

Copom prevê mais uma alta da Selic em março

O colegiado reiterou o forward guidance de mais uma elevação de 1 ponto porcentual nos juros na sua próxima reunião, de março, que levaria a taxa Selic a 14,25%.

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04 de fevereiro de 2025
Vinicius Palermo
Copom prevê mais uma alta da Selic em março
O colegiado reiterou o forward guidance de mais uma elevação de 1 ponto porcentual nos juros na sua próxima reunião. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na ata da sua última reunião, que o tamanho total do ciclo de aumento da taxa Selic será ditado pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Essa sinalização já constava no comunicado da última quarta-feira, 29, quando o BC aumentou os juros em 1 ponto porcentual, de 12,25% para 13,25% ao ano.

O colegiado reiterou o forward guidance de mais uma elevação de 1 ponto porcentual nos juros na sua próxima reunião, de março, que levaria a taxa Selic a 14,25%. A partir daí, a evolução do cenário vai determinar os caminhos da política monetária, repetiu.

“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou o colegiado, repetindo o texto usado no comunicado.

O Copom também repetiu as projeções de inflação que já haviam sido divulgadas no texto da última quarta-feira. Ele espera que o IPCA atinja 4,0% no acumulado de quatro trimestres até o terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária. A estimativa está acima do centro da meta, de 3%, e considera elevação de 3,8% para os preços livres e de 4,6% para os administrados.

O BC espera que o IPCA encerre 2025 em 5,2%, acima do teto da meta, de 4,5%. A estimativas consideram altas de 5,2% nos preços livres e de 5,2% nos administrados este ano.

Todas as projeções do BC partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus e bandeira verde de energia elétrica em dezembro de 2024 e 2025. A taxa de câmbio começa em R$ 6,0 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano.

O Copom disse, na ata da sua última reunião, que a indicação de alta de 1 ponto porcentual (pp) na Selic em março, o que elevaria a taxa de juros dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano, segue apropriada. O indicativo para a próxima reunião é a última sinalização feita pelo colegiado, que optou por deixar em aberto as decisões da política monetária a partir do encontro do mês de maio.

Essa decisão é justificada pela análise de cenário. “O Comitê avaliou que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, seguem exigindo uma política monetária mais contracionista”, afirmou o texto, acrescentando que esses indicadores também foram determinantes para a elevação de 1 pp decidida na última semana.

O Copom disse, na ata da sua última reunião, que a atividade doméstica surpreendeu positivamente e manteve o dinamismo, apesar da política monetária contracionista. “Em particular, o ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo evidencia uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso”, destacou o documento.

A avaliação do Copom é de que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito amplo tem dado suporte ao consumo e à demanda agregada. O colegiado também observou que, ao longo dos últimos trimestres, o mercado de trabalho também se mostrou aquecido, e citou as mensurações da taxa de desocupação, do nível de ocupação e do número de desligamentos voluntários. “Os rendimentos nominais crescem em patamar elevado, embora se observe alguma moderação no ritmo de crescimento real de salários”, ponderou.

O Copom reiterou, na ata da sua última reunião, que o cenário-base prospectivo envolve uma desaceleração da atividade, considerada uma parte do processo de transmissão da política monetária e como elemento necessário para a convergência da inflação à meta.

O BC observou que os dados mais recentes ainda oferecem sinais incipientes de que alguma moderação do crescimento, em linha com o cenário-base, possa estar se iniciando, em particular no setor de bens e em setores mais sensíveis a crédito. “No entanto, alguns elementos atenuadores sugerem parcimônia nas conclusões.

Os dados ainda são de alta frequência, e as dificuldades com sazonalidade e revisões frequentes em tais séries demandam maior cautela na análise. Além disso, relembrou-se que no passado também houve dados que sugeriam desaceleração, percepção que foi revertida em meses subsequentes, refletindo apenas volatilidade nas séries, sem alteração na tendência de crescimento, que mostrou notável resiliência”, destacou a ata.

O colegiado reforçou o alerta sobre o mercado de trabalho aquecido, pontuando que “é difícil avaliar em que medida uma eventual desaceleração refletiria enfraquecimento da demanda ou pressões de oferta, portanto, com impactos diferentes sobre a inflação”.

O Copom reiterou que segue acompanhando a atividade econômica e acrescentou que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta.