Economia
Parcelamento

Concessões no crédito livre caíram 1,7% em agosto

No crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 3,6%, para R$ 292,2 bilhões, e acumulam um crescimento de 14,9% em 12 meses

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27 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
Concessões no crédito livre caíram 1,7% em agosto
Brasília - O chefe adjunto do departamento econômico do Banco Central do Brasil, Fernando Rocha

As concessões dos bancos no crédito livre caíram 1,7% em agosto na comparação com julho, para R$ 542,8 bilhões, informou o Banco Central na sexta-feira, 27. No acumulado de 12 meses, o crescimento foi de 15,9%. Os dados não incorporam ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 3,6%, para R$ 292,2 bilhões, e acumulam um crescimento de 14,9% em 12 meses. Concessões para empresas subiram 0,5% na margem, para R$ 250,6 bilhões, e avançaram 17,2% em 12 meses.

A taxa média de juros no crédito livre atingiu 39,8% em agosto, o mesmo nível de julho, informou o Banco Central. Em agosto de 2023, o juro médio era de 43,5%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 52,1% para 51,9% ao ano. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa ficou em 21,1%, o mesmo nível do mês anterior.

A taxa do cheque especial subiu de 131,6% ao ano em julho para 134,3% ao ano em agosto. No crédito pessoal, a taxa cedeu de 99,2% para 95,4% ao ano no período.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Para aquisição de veículos, os juros passaram de 25,5% para 25,7% ao ano entre julho e agosto. A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,8% ao ano em julho para 27,7% ao ano em agosto. No mesmo mês de 2023, estava em 30,5%.

O Indicador de Custo de Crédito (ICC) passou de 21,7% para 21,8% de julho para agosto. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O saldo de operações de crédito do sistema financeiro cresceu 0,9% em agosto, para R$ 6,117 trilhões, informou o Banco Central No acumulado de 12 meses, avança 10,1%. O saldo para pessoas físicas cresceu 1,0% no mês, frente a julho, e o saldo para pessoas jurídicas avançou 0,7%.

O estoque de crédito livre cresceu 0,7% em agosto, na comparação com julho, enquanto o do crédito direcionado avançou 1,0%. No crédito livre, o saldo para pessoas físicas avançou 0,8% e, para as empresas, teve alta de 0,6%.

O total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 53,9% para 54,0% na passagem de julho para agosto.

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos seguiu em 4,4% de julho para agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira, 27. A inadimplência de pessoas físicas também ficou estável de um mês para o outro, em 5,5%, assim como a taxa das empresas (2,9%).

No crédito direcionado, com recursos da poupança e do BNDES, a inadimplência total passou de 1,4% para 1,5%. Considerando o crédito livre e o direcionado, a inadimplência seguiu estável em 3,2% no período.

O spread médio em operações de crédito livre subiu de 28,5 pontos porcentuais em julho para 28,6 pontos em agosto, informou o Banco Central. No segmento de pessoa física, o spread permaneceu em 40,6 pontos no período e, para pessoa jurídica, seguiu em 10,0 pontos.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado passou de 4,3 pontos porcentuais em julho para 4,2 pontos em agosto. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 18,6 para 18,5 pontos entre os dois meses.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou julho em 47,9%, ante 47,7% em junho. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento passou de 29,9% em junho para 30,0% em julho.

O Desenrola Brasil terminou em maio, beneficiando 15,06 milhões de pessoas com a negociação de R$ 53,07 bilhões em dívidas, ou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Ministério da Fazenda, houve redução de 8,7% da inadimplência entre a população mais vulnerável do País, público prioritário do programa. Deste grupo, foram alcançados 5 milhões de pessoas, com a negociação de R$ 25,43 bilhões em débitos.

Segundo os dados do BC para julho, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou o mês em 26,6%. Em junho, era de 26,2%. O recorde da série foi em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda variou de 24,1% para 24,5% na passagem de junho para julho.

O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 5,3 pontos porcentuais de julho para agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira, 27. A taxa passou de 432,2% (dado revisado) para 426,9% ao ano.

No caso do parcelado, o juro passou de 178% para 182% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 81,7% (dado revisado) para 82,8%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa nem sempre é efetivada, já que os consumidores normalmente ficam “pendurados” no cartão por apenas dias ou semanas.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo. Para acompanhar as exigências da nova lei, o BC criou um novo indicador.

O saldo de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas cresceu 1,2% na passagem de julho para agosto, somando R$ 418,450 bilhões, informou o Banco Central na sexta-feira. Em 12 meses, a alta é de 5,8%

As linhas de financiamento agroindustrial do BNDES cresceram 6,9% no mês, enquanto o financiamento de investimentos aumentou 0,9% e o saldo do capital de giro, 5,3%.

O saldo de crédito para as empresas do setor agropecuário recuou 0,5% em agosto, para R$ 52,692 bilhões, informou o BC. No acumulado de 12 meses, ele sobe 9,0%.

O saldo para a indústria subiu 0,1%, para R$ 885,880 bilhões. O montante para o setor de serviços teve alta de 2,3%, para R$ 1,422 trilhão.

O saldo do crédito para pessoa jurídica com sede no exterior e créditos não classificados (“outros”) recuou 2,9%, de R$ 4,553 bilhões para R$ 4,422 bilhões.

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro cresceu 1,4% em agosto, na comparação com julho, para R$ 17,911 trilhões. Esse montante equivale a 158,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.

No caso de empresas, o saldo do crédito ampliado avançou 0,8% em agosto, para R$ 6,207 trilhões, o equivalente a 54,8% do PIB.