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Retaliação

China impõe tarifa aos produtos americanos

O pacote é uma contraposição à taxação de produtos importados da China, anunciada pelo governo americano no sábado, 1º.

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04 de fevereiro de 2025
Vinicius Palermo
China impõe tarifa aos produtos americanos
Os metais que passarão a ter as exportações controladas pela China são utilizados por diversas indústrias. Crédito: Unsplash

O Ministério do Comércio da China anunciou nesta terça-feira (4) que vai ampliar o controle da exportação de tungstênio, telúrio, bismuto, molibdênio e índio.

O comunicado não cita nenhum país em específico, mas a iniciativa surgiu em meio às medidas retaliatórias contra os Estados Unidos, como a imposição de tarifas de 10% e 15% sobre determinados produtos e a abertura de uma investigação antitruste contra o Google. O pacote é uma contraposição à taxação de produtos importados da China, anunciada pelo governo americano no sábado, 1º.

Os metais que passarão a ter as exportações controladas pela China são utilizados por diversas indústrias. O molibdênio, por exemplo, é utilizado para tornar o aço mais forte e menos propenso à ferrugem, enquanto o telúrio é um componente dos painéis solares. O controle da exportação dos minerais críticos começa a valer já nesta terça.

O Ministério do Comércio da China anunciou ainda a imposição de tarifas sobre diversos produtos fabricados nos Estados Unidos. O carvão e o gás liquefeito serão taxados em 15%, enquanto o petróleo, as máquinas agrícolas e os veículos de grande potência americanos terão tarifas de 10%.

Na segunda-feira, 3, a Casa Branca informou que Trump conversaria com o presidente da China, Xi Jinping, ainda nesta terça. Ainda na segunda, o governo americano suspendeu em 30 dias a imposição de tarifas de 25% sobre produtos com origem no México e no Canadá após abrir negociações com os dois países sobre o controle das fronteiras.

A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China iniciou também uma investigação sobre o Google por suspeita de violação da lei antitruste. O comunicado não traz mais detalhes sobre a investigação contra o gigante americano da tecnologia, que surge em meio às tensões crescentes entre a China e os Estados Unidos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que a União Europeia (UE) precisará se engajar em “negociações difíceis, mesmo com parceiros de longa data”, diante da ameaça de novas tarifas ao bloco europeu pelo presidente dos EUA. Ela ressaltou que, na busca por acordos com outras nações, a UE terá de, em certos momentos, “concordar em discordar”.

Em discurso, Von der Leyen destacou que o bloco poderá “ter de trabalhar com países que não compartilham da nossa visão de mundo, mas que possuem alguns interesses em comum conosco”. Segundo ela, “o princípio básico da diplomacia neste novo mundo é manter o foco no objetivo” e aceitar que, ocasionalmente, será preciso ceder em alguns pontos para avançar em outros.

A dirigente também alertou para o aumento no uso de ameaças e de ferramentas de coerção econômica, como sanções e tarifas. “Vimos como as coisas podem escalar rapidamente. A Europa protegerá sua segurança econômica e nacional, mas também é fundamental que encontremos o equilíbrio certo”, afirmou.

Von der Leyen classificou os EUA como “o país com o qual temos os laços mais fortes” e ressaltou que a parceria tem sido “a base da prosperidade” ao longo da maior parte do século. “Compartilhamos muitas das mesmas preocupações – seja em relação à estabilidade regional ou à economia global. Queremos que essa parceria funcione. E não apenas por nossos laços históricos, mas porque é um bom negócio.”

Para a presidente da Comissão, a ideia de um mundo pautado por crescente cooperação e hiper-globalização já está “ultrapassada” “Grandes temores estão de volta – das mudanças climáticas à IA, passando pela migração e pelo medo de ser deixado para trás. E isso também se reflete nas relações internacionais. Países estão transformando suas fontes de força em armas uns contra os outros. Já estamos em uma era de geopolítica hipercompetitiva e hipertransacional”, concluiu.