O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que teve boas conversas iniciais com o presidente norte-americano, Donald Trump, que tomou posse na segunda-feira, 20, em Washington. Em discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta terça-feira, 21, ele disse que os Estados Unidos são o parceiro mais próximo dos alemães fora da Europa e espera que o cenário se mantenha.
“A cooperação entre Europa e Estados Unidos é essencial para a paz e a segurança em todo o mundo, motor do desenvolvimento econômico bem-sucedido”, mencionou Scholz, ao indicar que reagirá “calmamente” às políticas do republicano. Ele disse ainda que fará “de tudo” para manter uma boa cooperação com a América e que apoia o livre-comércio.
“Tarifas mais baixas significam mais comércio, mais concorrência e preços mais baixos”, defendeu Scholz, ao citar a necessidade da Europa e da própria Alemanha de fazerem esforços para se tornarem mais competitivas.
Ao ser questionado sobre um suposto gesto nazista do bilionário Elon Musk na posse de Trump, o chanceler ressaltou que a Alemanha não aceita posições extremistas. No painel, ele também disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não deve ter sucesso na guerra contra a Ucrânia.
China
O vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang, disse que é preciso promover uma economia global que seja inclusiva, que o protecionismo não traz benefícios e que uma guerra comercial não tem vencedores, ao participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta terça-feira, 21.
As falas do vice-premiê chinês acontecem em um período de tensão com os Estados Unidos, com a volta do presidente americano Donald Trump para a Casa Branca, que já sinalizou que quer impor tarifas contra a potência asiática. Para Ding, todos os países seriam afetados em um mundo fragmentado e a China é “grande defensora do multilateralismo”.
“A China está disposta a importar produtos e serviços mais competitivos e de alta qualidade para equilibrar o comércio”, afirmou. Segundo ele, que prometeu a intensificação de macropolíticas neste ano, investimentos estrangeiros no país são bem-vindos.
Em relação aos desenvolvimentos da inteligência artificial (IA) chinesa, Ding explicou que existe um forte comitê de ética. Na semana passada, o ex-presidente dos EUA Joe Biden impôs restrições para a tecnologia da China, além de chips fabricados no país.
África do Sul
No Fórum Econômico Mundial em Davos, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmou que o mundo vive uma era de protecionismo e isolamento, especialmente entre os países mais ricos. Ele alerta que o comportamento afeta principalmente as nações mais pobres, que dependem de cooperação internacional e financiamento externo para sustentar suas economias. “A persistência da desigualdade entre países impede o desenvolvimento dos mais pobres”, afirmou Ramaphosa.
Nesse contexto, o presidente sul-africano ressaltou que a missão do G20, presidido pela África do Sul este ano, será focada em promover solidariedade, combater a desigualdade e incentivar o desenvolvimento sustentável.
Entre as prioridades do G20, comentou ele, está o financiamento e apoio a iniciativas voltadas para a transição energética, com foco em fontes de energia mais sustentáveis. O objetivo, pontuou, é combater a emergência climática global.
“Precisamos reconhecer o dano que as mudanças climáticas já causaram no mundo”, declarou Ramaphosa, ressaltando que os objetivos econômicos globais devem ser alcançados sem comprometer as gerações futuras. Segundo o líder sul-africano, o mundo já enfrenta desastres causados pelas mudanças climáticas, como os incêndios em Los Angeles.
Ele alertou que, enquanto países mais ricos, como os EUA, têm recursos para reconstruir após tais desastres, os países mais pobres enfrentam dificuldades. “Precisamos garantir a reconstrução pós-desastres para os países pobres”, afirmou, destacando o papel do G20 nesse processo.
Sobre a atratividade da África do Sul para investidores, Ramaphosa destacou que o país alcançou estabilidade política por meio do foco no crescimento econômico, criação de empregos e combate à corrupção.
Ele reforçou que a África do Sul implementou “grandes programas de reformas econômicas” e superou a crise energética, lembrando que o país está “há quase um ano sem nenhum blackout”.
Energia
O diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, destacou que a diversificação de fontes de energia é a chave para garantir a segurança energética no futuro. A declaração foi feita durante o Fórum Econômico Mundial em Davos. Birol citou como exemplo a crise enfrentada pela Europa há cerca de dois anos devido à alta dependência do gás russo. “Dependências podem se tornar verdadeiras vulnerabilidades”, afirmou.
Para ele, a transição energética é essencial nesse processo de diversificação, com as energias renováveis desempenhando um papel crucial. “Transição energética não é só reduzir emissões de carbono, mas também buscar aumentar a segurança energética”, complementou.
Birol também alertou sobre as incertezas políticas e econômicas que o mundo enfrenta, mas enfatizou a importância de focar em algumas certezas, como a realidade das mudanças climáticas e a necessidade de uma transição energética global.
“Não devemos perder perspectivas com incertezas”, disse ele, destacando que os principais desafios atualmente estão relacionados à exploração de petróleo e gás natural e à segurança energética. “As mudanças climáticas são reais, estão acontecendo e vão piorar se não mudarmos nossas políticas. Isso é uma certeza.”