As bolsas da Europa fecharam em baixa nesta terça-feira, 26, pressionadas pelas menções possíveis novas tarifas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Ainda que o republicano não tenha citado países europeus diretamente, o temor por um cenário mais protecionista pressionou os papéis, com destaque para as quedas de siderúrgicas e montadoras. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,54%, a 506,04 pontos.
Na véspera, Trump disse que a imposição de uma tarifa de 25% a importações provenientes do México e do Canadá estará entre as “muitas ordens executivas” que pretende emitir em 20 de janeiro de 2025, dia de sua posse. O dirigente sinalizou ainda que “uma tarifa adicional de 10%” sobre produtos da China. A Europa não pode “respirar aliviada” por não ter sido citada na primeira postagem sobre tarifas de Trump, de acordo com análise do ING. O banco holandês explica que é esperado que os formuladores de política da zona do euro continuem apreensivos, já que pode ser apenas uma questão de tempo até que o republicano volte a sua atenção para o setor automotivo europeu ou por tarifas em geral, de maneira ampla.
Uma guerra comercial envolvendo tarifas retaliatórias entre os EUA e a Europa seria má notícia para todas as partes, disse nesta terça-feira o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos. “Quando se impõem tarifas, é preciso estar preparado para a retaliação do outro lado”, afirmou.
Em Frankfurt, a montadora Daimler Truck perdia 5,79% e a Volkswagen AG recuou 2,59%, enquanto a siderúrgica ThyssenKrupp caiu 2,96%. Na cidade, o DAX recuou 0,52%, a 19.304,88 pontos. Em Paris, a Stellantis, recuou 4,79% e a ArcelorMittal caiu 3,89%, enquanto o CAC 40 teve queda de 0,87%, a 7.194,51 pontos.
Na visão do Julius Baer, os fabricantes de automóveis enfrentam desafios estruturais e exposição tarifária adicional. “Indiscutivelmente, uma grande parte desses riscos já está precificada para esses segmentos, e os nossos analistas veem valor em nomes de qualidade seletivos, mas provavelmente levará algum tempo para se concretizarem”, avalia.
Já as ações do Unicredit recuaram 1,12% em Milão, após o BPM afirmar que a oferta de mais de US$ 10 bilhões do banco subvaloriza o negócio, um dia depois de o segundo maior banco da Itália em ativos ter feito uma jogada surpresa sobre seu concorrente de menor porte. Os papéis do BPM caíram 1,08%, enquanto o FTSE MIB recuou 0,78%, a 33.167,64 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,40%, a 8.258,61 pontos. Em Madri, o Ibex35 teve queda de 0,72%, a 11.626,90 pontos. Em Lisboa, o PSI20 cedeu 0,36%, a 6.415,40 pontos.
As bolsas da Ásia fecharam, majoritariamente, em queda nesta terça-feira, 26, com desempenhos distintos dos índices referenciais do mercados continental da China. O Xangai Composto mostrou baixa leve, mas o índice amplo Shenzhen, que reflete o movimento de 500 ações, cedeu quase 1% após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor tarifas aos bens importados chineses. As demais praças na região recuaram.
No continente, o Xangai Composto recuou 0,1%, aos 3.259,76 pontos. O Shenzhen caiu 0,95%, 1.956,14 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng fechou estável, aos 19.159,20 pontos.
O UBS vê um ambiente difícil para as ações de Hong Kong em 2025 devido à potencial crise com a imposição de tarifas pelos EUA e recrudescimento das tensões na relação China-EUA. O UBS projetou que Hang Seng e o índice MSCI HK atingirão 20.000 pontos e 8 400 pontos, respectivamente, no fim do próximo ano.
Para Angus Chan, chefe de estratégia do UBS para Hong Kong, o mercado não avaliou totalmente o potencial aumento dos riscos geopolíticos sob Trump. Na bolsa de Hong Kong, Chan favorece setores menos correlacionados com a economia chinesa, incluindo serviços públicos e telecomunicações.
Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 0,87%, a 38.442,00 pontos, pressionado pelas ações de montadoras e empresas de eletrônicos com a apreensão crescente sobre tarifas nos Estados Unidos. A Lasertec caiu 5,5% e a Nissan Motor perdeu 3,6%.
A Fitch revisou a perspectiva para o rating BBB- da Nissan de estável para negativa, citando o desempenho mais fraco na América do Norte do que o esperado, o que pode levar à queda da lucratividade e margens do fluxo de caixa livre mais estreitas ao ano fiscal que se encerrará em março de 2027.
O Kospi, de Seul, retrocedeu 0,6%, a 2.520,36 pontos, com destaque para perdas das ações dos setores de defesa, marítimo e construção naval. A empresa de navegação HMM perdeu 2,0% e a fabricante de navios HD Hyundai Heavy caiu 5,6%. A fabricante de obuses Hanwha Aerospace caiu 11% depois que Israel e o Hezbollah se aproximaram de um acordo de cessar-fogo. Em Taiwan, o Taiex marcou baixa de 1,17%, a 22.678,76 pontos. Na Oceania, o S&P/ASX 200, de Sydney, teve baixa de 0,69%, a 8 359,40 pontos.