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Bolsas da Europa fecham em alta, de olho na inflação alemã

As altas nas bolsas vieram após quedas consecutivas na Europa continental, em grande parte impulsionadas pela postura tarifária de Donald Trump

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29 de novembro de 2024
Vinicius Palermo
Bolsas da Europa fecham em alta, de olho na inflação alemã
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,47%, a 507,31 pontos.

As bolsas da Europa fecharam em alta nesta quinta-feira, 28, em sessão com liquidez limitada devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. O dia teve a divulgação da inflação na Alemanha, e uma melhora no sentimento econômico na zona do euro.

As altas nas bolsas vieram após quedas consecutivas na Europa continental, em grande parte impulsionadas pela postura tarifária do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Outro tema que chama a atenção é a questão orçamentária na França, com a crise que coloca em risco o governo do primeiro-ministro Michel Barnier impulsionando uma disparada dos rendimentos dos títulos locais. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,47%, a 507,31 pontos.

Segundo a Comissão Europeia, o índice de sentimento econômico da zona do euro subiu para 95,8 em novembro. Já a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da Alemanha acelerou para 2,2% em novembro, de 2% em outubro. Na comparação mensal, o CPI alemão teve deflação de 0,2% ante outubro.

Os dados anuais ficaram abaixo da previsão de analistas consultados pela FactSet, que previam 2,3%. Na visão do ING, é uma boa notícia para a ala hawkish do BCE. “Com a aceleração da inflação global e a estabilização do sentimento econômico, a oposição contra um corte de 50 pontos base nas taxas na reunião de dezembro irá tornar-se mais forte”, avalia. Em Frankfurt, o DAX subiu 0,82%, a 19.419,92 pontos.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, avaliou que uma guerra tarifária entre EUA e Europa pode impulsionar levemente a inflação no curto prazo. Contribuindo para o ambiente incerto está a imprevisibilidade da imposição de tarifas. O Société Generale observa que as táticas geopolíticas de Trump são “provocar, falar e então declarar vitória para os EUA”, o que adiciona volatilidade aos mercados, principalmente ao câmbio.

Enquanto isso, governo francês está pronto para fazer concessões ao parlamento sobre o orçamento, disse o ministro da Economia e Finanças da França, Antoine Armand. A declaração ocorre em meio a um impasse que está causando turbulência no mercado financeiro e ameaça Barnier.

Os juros de títulos soberanos da França e da Grécia, com vencimento de 10 anos, atingiram nesta quinta-feira o mesmo nível pela primeira vez desde o início da série histórica. Por sua vez, em Paris, o CAC 40 avançou 0,60%, a 7.186,01 pontos.

Em Madri, a Grifols cedeu 11,60% após notícia de que o fundo canadense Brookfield pode desistir da compra da companhia farmacêutico diante de divergências sobre o valor da companhia. Na mesma cidade, o Ibex35 subiu 0,41%, a 11.626,40 pontos. Em Milão, o FTSE MIB avançou 0,52%, a 33.262,35 pontos. Em Lisboa, o PSI20 teve alta de 0,27%, a 6.435,62 pontos. Fora da zona do euro, o FTSE 100 teve avanço mais contido em Londres, 0,06%, a 8 279,84 pontos.

As bolsas da Ásia fecharam sem direção única nesta quinta-feira, 28, com o índice Kospi, do mercado de Seul, em leve alta em meio à repercussão do inesperado corte da taxa de juros no país. A Bolsa de Hong Kong e os mercados da China cederam em devolução parcial da alta da véspera.

Na Coreia do Sul, o Kospi fechou em alta de 0,1%, aos 2.504,67 pontos, após queda de 0,7% na véspera. O movimento ocorreu após o Banco Central do país promover um inesperado corte da taxa de juros em uma medida que visa dar suporte para a economia.

Para o economista do Goldman Sachs, Goohoon Kwon, o BC local pode entregar mais três cortes das taxas de juros até o terceiro trimestre de 2025 para um patamar de 2,25%.

A analista de câmbio do ING, Min Joo Kang, citou que é incomum que o BC sul-coreano reduza por duas vezes seguidas a taxa de juros, exceto em tempos de crise. O movimento surpreendente sinaliza que a prioridade é o crescimento, e não a estabilidade do mercado financeiro a curto prazo, disse Kang.

Na China, o Xangai Composto cedeu 0,4%, aos 3.295,70 pontos. O Shenzhen recuou 0,65%, aos 1.983,79 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 1,2%, aos 19.366,96 pontos.

Os investidores estão atentos ao próximo catalisador: a conferência governo central da China em dezembro. Em Hong Kong, a China Resources Beer caiu 4,3% e a Anta Sports cedeu 3,45%. O China Hongqiao caiu 3,4%. As ações do setor automotivo lideraram os ganhos, com a Geely Automobile subindo 4,9%, o que correspondeu ao maior ganho porcentual do Hang Seng.

Em Tóquio, o índice Nikkei subiu 0,6%, a 38.349,06 pontos, com as ações de empresas de eletrônicos beneficiadas pela expectativa de melhora da demanda nos Estados Unidos diante da expectativa de corte das taxas de juros. A Tokyo Electron subiu 6,7% e a NEC ganhou 2,3%. Em Taiwan, o Taiex marcou queda de 0,16%, a 22.298,90 pontos. Na Oceania, o S&P/ASX 200, de Sydney, teve alta de 0,45%, a 8 444,30 pontos.