O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a concessionária EPR Litoral Pioneiro assinaram, nesta quarta-feira (29), contrato de financiamento de R$ 6,38 bilhões para investimentos em rodovias no Paraná. O ato ocorreu em cerimônia no Palácio do Planalto com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). São R$ 829 milhões em financiamento direto do BNDES e R$ 5,55 bilhões em emissão de debêntures, que são títulos de crédito de renda fixa emitidos pelo banco com o objetivo de captar recursos no mercado financeiro.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o banco financiou 85% de todos os investimentos em estradas do Brasil, principal modal logístico do país. Segundo ele, em 2024, foram aprovados R$ 23 bilhões para o transporte rodoviário, volume recorde nos 72 anos do banco.
“Não há financiamento de longo prazo para essa infraestrutura tão desafiadora, é um problema central de produtividade, de eficiência, de redução de gases de efeito estufa, de redução do custo de manutenção da frota dos caminhões, dos equipamentos, automóveis, se a gente não melhorar essa infraestrutura”, disse na cerimônia.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, também comentou sobre o volume de investimentos privados no país. “Já leiloamos quatro lotes e, esse ano, nós faremos os dois últimos leilões do estado do Paraná. O estado, com isso, vai captar o maior volume de investimento para o desenvolvimento de rodovias da sua história: R$ 60 bilhões serão investidos para modernizar a infraestrutura, garantir mais segurança para as pessoas. O Brasil está na mínima de desemprego porque está na máxima de investimento privado”, disse.
“Rodovia precisa de investimentos vultosos para garantir fluxo, velocidade média superior e por consequência mais capacidade de exportação. Então, esses investimentos eles vão ajudar muito a capacidade do Paraná exportar sua própria produção e a produção de estados vizinhos”, acrescentou.
Com os novos recursos, a EPR Litoral Pioneiro vai duplicar 350 quilômetros de rodovias federais e estaduais, além de construir 138 quilômetros de faixas adicionais e 73 quilômetros de vias marginais. Também será criado um acesso ao Porto do Paranaguá, importante via de escoamento da produção agrícola do centro-sul do país.
Nos 30 anos de concessão à EPR Litoral Pioneiro, os investimentos estão estimados em R$ 16 bilhões, sendo R$ 10,5 bilhões em expansão e melhorias e R$ 5,5 bilhões em manutenção das estradas. O segmento inclui, além das federais BR-153, BR-277 e BR-369, diversos trechos de rodovias estaduais e atende 27 cidades paranaenses, incluindo a capital Curitiba.
A malha concedida conta com quatro praças de pedágio em operação e outras duas em implantação. A tarifa de pedágio média, segundo comunicado da Presidência, é 31% inferior em relação à praticada nas concessões anteriores.
Mercadante cobrou “reciprocidade” dos governadores que têm obras financiadas pelo banco de fomento e pelo governo federal. Ele deu a declaração em entrevista a jornalistas pouco depois de criticar em discurso os governadores “prisioneiros da polarização”. Citou como exemplo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Jornalistas perguntaram a Mercadante se ele se referia ao governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), ao mencionar os “prisioneiros da polarização”. A fala foi em um evento relacionado a obra no Estado de Ratinho para o qual o político foi convidado, mas não compareceu.
Os presentes na solenidade entenderam como uma crítica indireta ao pessedista, mas Mercadante afirmou que não era algo direcionado.
“Não falei especificamente de nenhum governador, mas é uma coisa que serve para todos aqueles que não assumem uma relação de reciprocidade. Tivemos, por exemplo, recentemente, aqui em Brasília. Estamos financiando um trecho do metrô em Samambaia, duas estações, projeto de R$ 400 milhões. Não ouvi uma palavra do governador dizendo ‘obrigado, BNDES, obrigado, governo Lula, pela parceria que estamos fazendo’. Sendo que o governo anterior não financiou um metro. Essa reciprocidade ajuda a construir uma relação civilizada para acelerar e fazer mais coisas”, declarou o presidente do BNDES.
“Isso vale para todos aqueles que não entenderam que a relação republicana tem que ser preservada assim como o Estado Democrático de Direito. Seja quem for eleito, tem que reconhecer quem foi eleito. Tem mandato para trabalhar junto”, disse Mercadante.
A dificuldade de interlocução com governadores próximos do bolsonarismo, como é o caso de Ratinho e Ibaneis, é uma reclamação constante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus auxiliares.
Um exemplo recente foi fala de Lula após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criticar o governo por causa dos vetos a trechos do projeto de renegociação da dívida dos Estados “O governador de Minas Gerais deveria vir aqui e me trazer um prêmio, me trazer um troféu. O que nós fizemos para os Estados que não pagavam a dívida com a União talvez só Jesus Cristo fizesse se ele concorresse à Presidência da República”, declarou o petista em 22 de janeiro.