O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC de Chipre, Christodoulos Patsalides projeta que pode existir espaço para continuar baixando os juros europeus em “ritmo e magnitude estáveis”, a depender dos dados e das novas projeções econômicas em dezembro. “Neste momento, a política monetária é um ato de equilíbrio e é prudente mantermos nossa opcionalidade, sem qualquer trajetória predefinida para calibrar juros”, afirmou, em discurso preparado para evento.
O dirigente defendeu que a postura dependente de dados e o ritmo gradual de redução dos juros são particularmente necessários para controlar pressões inflacionárias de potenciais choques de oferta, de incertezas quanto aos preços de energia e de serviços e de aumento nas tensões comerciais.
“Se as restrições comerciais se materializarem, o resultado poderá ser inflacionário, recessivo ou, pior, estagflacionário”, ponderou Patsalides.
O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) Frank Elderson afirmou que a política monetária poderá ter de responder de forma mais proativa aos problemas recentes na oferta do que foi considerado apropriado no passado. Em discurso na Universidade do Chipre, o economista disse que, tradicionalmente, os bancos centrais têm frequentemente ignorado choques temporários que afetam a capacidade produtiva da economia e não necessariamente respondidos com ajustamentos de política.
“A política monetária atravessa a economia com defasagens longas e variáveis. Se um choque for de curta duração e as expectativas de inflação estiverem firmemente ancoradas, o impacto da inflação poderá já ter desaparecido no momento em que a resposta da política monetária tiver sido transmitida à economia. Ao não responderem a estes choques temporários, os bancos centrais pretendem evitar que a política afete negativamente a atividade econômica enquanto a inflação ainda for consistente com o seu objetivo de médio prazo”, apontou ele.
Contudo, tendo em conta a magnitude, a frequência e a persistência dos estrangulamentos que poderão surgir, o seu impacto sobre a inflação também poderá ser mais pronunciado e duradouro, avaliou. “A prevalência de tensões geopolíticas, da fragmentação econômica e dos riscos climáticos e naturais implica que haveria menos margem para analisar os desvios da inflação em relação ao nosso objetivo de 2%. Por outras palavras, no futuro, a política monetária poderá ter de responder de forma mais proativa aos estrangulamentos que afetam a capacidade produtiva da economia, o que aumenta a importância de manter a flexibilidade”, concluiu.
O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC francês, François Villeroy de Galhau, afirmou nesta quinta-feira, 21, que é improvável que possíveis tarifas dos Estados Unidos alterem significativamente a perspectiva de inflação no continente europeu.
“A vitória sobre a inflação está à vista para a Europa”, disse o dirigente, acrescentando ainda que o BCE deve dar continuidade à redução do grau de restrição da política monetária.
Dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Grécia, Yannis Stournaras afirmou que um corte de 25 pontos-base em dezembro parece ser a “resposta certa” para o progresso recente da inflação na zona do euro. O dirigente também defendeu reduzir os juros em reuniões consecutivas, se a economia permanecer no estado atual.
“Acredito que sim, deveríamos ter cortes em toda reunião a partir de agora até atingir o nível neutro dos juros. É um conceito abstrato, mas estimativas sugerem que este nível seria em torno de 2%”, disse Stournaras.
No entanto, o dirigente ponderou que ainda é cedo para definir os próximos passos após dezembro, tendo em vista que o banco central precisa avaliar a reação dos mercados, desempenho da economia doméstica e o que pares – como o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) – vão fazer em suas respectivas economias.
Stournaras evitou comentar sobre impactos de tarifas propostas pelo presidente eleito Donald Trump nos EUA, mas defendeu que, se algum país impor tarifas contra a União Europeia (UE), o bloco deve retaliar.