O Banco Central Europeu (BCE) cortou suas principais taxas de juros em 25 pontos-base, após concluir reunião de política monetária nesta quinta-feira, 12. Desta forma, a taxa de depósito foi reduzida de 3,25% a 3,00%, a de refinanciamento, de 3,40% a 3,15%, e a de empréstimos, de 3,65% a 3,40%.
A decisão, que veio em linha com a expectativa de analistas, marca o quarto corte de juros pelo BCE este ano. As reduções anteriores foram anunciadas em junho, setembro e outubro.
O BCE projetou que o núcleo da inflação deve desacelerar de 2,9% em 2024 para 2,3% em 2025. O núcleo deve continuar desacelerando para 1,9% em 2026, permanecendo neste patamar em 2027.
O BCE espera que a inflação dos alimentos aumente em 2025 antes de desacelerar na sequência. A inflação dos alimentos aumentou nos últimos meses para ficar em 2,9% em outubro, em grande parte devido aos efeitos climáticos desfavoráveis, citou o BCE.
Espera-se que aumente para taxas em torno de 3,2% até meados de 2025, impulsionada inicialmente pela inflação de alimentos não processados e assumindo aumentos substanciais nos preços das commodities.
Em seguida, projeta-se que diminua para uma média de 2,2% até 2027, devido à redução das pressões de custos de energia e mão de obra no médio prazo, e faça uma contribuição modesta para a inflação geral, segundo documento do BCE.
O BCE também revisou em baixa as projeções para o crescimento da zona do euro. No geral, o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB) real de 2024 foi revisado de 0,8% no levantamento de setembro para 0,7% em 2024, de 1,3% para 1,1% em 2025 e de 1,5% para 1,4% em 2026, antes de moderar para 1,3% em 2027.
Em comparação com as projeções macroeconômicas da equipe do BCE de setembro de 2024, a perspectiva para o crescimento do PIB foi revisada para baixo, principalmente, devido a revisões de dados sobre investimento no primeiro semestre de 2024, expectativas de crescimento mais fraco das exportações em 2025 e uma pequena revisão para baixo da expansão projetada da demanda interna em 2026, diz o BCE.
Em relação ao crescimento global, o BCE projetou 3,4% para 2024, estável ante o prognóstico de setembro, e revisou a estimativa para 2025 em alta, de 3,4% para 3,5%. Para 2026, a projeção de crescimento seguiu em 3,3%.
Para o BCE, melhores perspectivas no curto prazo em comparação com as projeções anteriores refletem dados econômicos fortes nos Estados Unidos e na China, bem como estímulo fiscal na China (principalmente para aliviar as restrições financeiras dos governos locais) e no Reino Unido.
O resultado das eleições nos EUA acrescenta, no entanto, incerteza significativa aos cenários, avaliou o BCE.
O BCE reiterou dependência de dados e evitou se comprometer com uma trajetória de juros específica. “Vamos seguir a abordagem de decidir juros a cada reunião para determinar o nível apropriado da política monetária”, afirmou a autoridade, em nota.
Apesar disso, o banco central expressou confiança no retorno da inflação para a meta de 2% na zona do euro e se comprometeu a manter os preços neste nível no médio prazo. Segundo a nota, os cortes de juros realizados até o momento estão contribuindo para relaxar as condições financeiras no bloco e devem apoiar uma aceleração gradual da demanda doméstica ao longo do tempo.
“A inflação doméstica desacelerou, mas permanece elevada conforme preços e salários em alguns setores ainda passam por ajustes com atraso significativo”, ponderou a autoridade monetária.
O BCE, no entanto, cortou projeções para a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro nos próximos anos. Agora, a equipe econômica projeta que a inflação será de 2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027. Em setembro, a previsão era de alta de 2,9% em 2024 e 2,3% em 2025.
Já a previsão para o crescimento econômico do PIB foi revisada para 0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027. Antes, a projeção era de 0,8% em 2024, 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que o crescimento da zona do euro está perdendo força e que a recuperação da economia da zona do euro está mais lenta do que o esperado. De acordo com a dirigente, os riscos à estabilidade financeira continuam elevados e ao crescimento estão inclinados para baixo.
Lagarde disse que a inflação doméstica está alta e que o cenário é reflexo da pressão salarial e de serviços. “Esperamos que a inflação flutue perto do nível atual no curto prazo”, explicou ao citar que, dentre os riscos para a inflação, está a baixa confiança, as tensões geopolíticas e o baixo investimento.
E informou: “Ainda não vencemos a luta contra a inflação, mas ela está no caminho para alcançar a meta de 2% no médio prazo.” Segundo a dirigente, as exportações da zona do euro devem apoiar a recuperação econômica, caso as tensões comerciais aumentem.
Em relação aos cortes de juros futuros pelo BC europeu, ela reafirmou que não há uma trajetória predeterminada e que as decisões dependerão de dados. Para a decisão deste mês, houve uma discussão de corte para 50 pb, mas todos os dirigentes concordaram em 25 PB. Lagarde disse que a taxa neutra provavelmente está mais elevada do que antes.A presidente do Banco Central Europeu afirmou também que barreiras comerciais não são propícias para o crescimento da zona do euro. Segundo a dirigente, o protecionismo é inflacionário no curto prazo.
Ao ser questionada sobre as tarifas que podem ser impostas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Europa, Lagarde disse que elas não foram consideradas e incorporadas nas projeções do BCE.