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BC revisa projeção de crescimento do PIB para 3,2% este ano

De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, divulgado pela autoridade monetária, a expansão em 2025 será de 2,0%.

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26 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
BC revisa projeção de crescimento do PIB para 3,2% este ano
O crescimento será dividido, conforme o documento, pelos três setores, com expectativa de elevação de 2,0% de agropecuária; de 2,4%, da indústria; e de 1,9% de serviços.

O Banco Central (BC) informou na quinta-feira, 26, suas primeiras projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico para o ano que vem. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, divulgado pela autoridade monetária, a expansão em 2025 será de 2,0%.

O crescimento será dividido, conforme o documento, pelos três setores, com expectativa de elevação de 2,0% de agropecuária; de 2,4%, da indústria; e de 1,9% de serviços. A expansão, conforme o BC, será impulsionada por uma alta de 2,2% do consumo das famílias e de 2,0% do consumo do governo, com a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrando elevação de 2,0%.

O BC também aumentou a sua projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2024, de 2,3% para 3,2%, conforme o RTI. Pela ótica da oferta, a instituição aumentou a expectativa de crescimento dos serviços (2,4% para 3,2%), elevou a projeção para a indústria (2,7% para 3,5%) e reduziu a estimativa negativa para a agropecuária (-2,0% para -1,6%).

Na demanda, o BC voltou a aumentar a projeção de crescimento do consumo das famílias, de 3,5% para 4,5%. A estimativa para o consumo do governo passou de 1,8% para 2,7% e a projeção para a FBCF, de 4,5% para 5,5%.

O BC atualizou também a sua projeção de crescimento das exportações, de 0,5% para 3,2%. A estimativa para as importações passou de 6,0% para 11,3%.

A mediana do mais recente relatório Focus sugere crescimento de 3,0% para o PIB brasileiro em 2024. O Ministério da Fazenda estima uma expansão um pouco mais intensa, de 3,2%.

O Banco Central (BC) diminuiu a sua projeção de déficit em transações correntes do Brasil em 2024, de US$ 53 bilhões para US$ 51 bilhões.

A nova estimativa considera um superávit comercial de US$ 68 bilhões este ano, contra US$ 59 bilhões no relatório anterior. Por outro lado, o BC revisou a projeção para o déficit na conta de serviços, de US$ 43 bilhões para US$ 48 bilhões, e na renda primária, a expectativa de déficit passou de US$ 71 bilhões para US$ 72 bilhões.

A previsão de entrada líquida de Investimento Direto no País (IDP) passou de US$ 65 bilhões para US$ 70 bilhões. A expectativa para o saldo líquido de investimento estrangeiro em carteira, incluindo ações e títulos de renda fixa, passou de zero para US$ 12 bilhões.

O BC também apresentou suas primeiras projeções para o balanço de pagamentos do ano que vem, quando o saldo das transações correntes deve ficar negativo em US$ 60 bilhões. A balança comercial deverá registrar um superávit de US$ 64 bilhões, mas a conta de serviços deve ficar negativa em US$ 49 bilhões. No caso da renda primária, a previsão para 2025 é de um déficit de US$ 75 bilhões.

Apesar de negativa, a projeção para a conta corrente deve ser totalmente financiada pelo IDP, cuja entrada deve somar US$ 70 bilhões. A expectativa para o saldo líquido de investimento estrangeiro em carteira, incluindo ações e títulos de renda fixa, é de US$ 15 bilhões.

O Banco Central (BC) aumentou a sua projeção de crescimento do saldo total de crédito do Brasil em 2024, de 10,8% para 11,1%. Para 2025, o BC apresentou pela primeira vez sua expectativa, que é de uma elevação de 10,3%.

A estimativa de aumento do saldo de operações de pessoas físicas este ano passou de 11,0% para 12,0% e, para empresas, encolheu de 10,5% para 9,7%. Para 2025, essas previsões são de, respectivamente, 10,8% e 9,5%.

A projeção do BC para o crescimento de saldo no crédito livre aumentou de 10,0% para 10,5%, incorporando uma alta na estimativa para pessoas físicas (11,5% para 12,0%) e um avanço para as empresas (8,0% para 8,5%). Para o ano que vem, o saldo no crédito livre deve ser ampliado em 10,2%, com alta de 11,0% para as pessoas físicas e de 9,0% para as jurídicas.

Para o crédito direcionado, que usa recursos da poupança e do BNDES, a estimativa de crescimento do saldo seguiu em 12,0% para 2024. A nova projeção incorpora revisões na categoria de pessoa física (10,5% para 12,0%) e jurídica (15,0% para 12,0%). Já para o ano que vem as projeções são de 10,5% para os três casos.

O Banco Central (BC) aumentou a sua projeção de inflação de 2026, de 3,2% para 3,3%, no cenário de referência, que considera a trajetória de juros do relatório Focus e a evolução do dólar conforme a paridade do poder de compra.

As projeções para a inflação de 2024 e 2025 – de 4,3% e 3,7%, respectivamente – não foram alteradas na comparação com o comunicado e a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na semana passada, o colegiado decidiu aumentar a Selic em 0,25 ponto porcentual, de 10,5% para 10,75%
A partir do ano que vem, a meta de inflação passa a ser contínua, com centro de 3% e tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Caso o IPCA acumulado em 12 meses fique acima ou abaixo desse limite por seis meses consecutivos, considera-se que o alvo foi perdido.

O cenário de referência usa a trajetória da taxa Selic embutida no relatório Focus (até 13 de setembro), com juros de 11,25% no fim de 2024 e de 10,5% no fim de 2025. O dólar parte de R$ 5,60 e evolui conforme a PPC, e o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e, depois, começa a aumentar 2% ao ano. O BC adota a hipótese de bandeira de energia amarela no fim deste ano e do próximo.

No último Focus, as medianas indicavam IPCA de 4,37% em 2024, 3,97% em 2025 e 3,62% em 2026.
O Banco Central aumentou a sua estimativa da probabilidade de estouro da meta de inflação em 2024, no cenário de referência, de 28% no último RTI, para 36% na edição publicada nesta quinta. O alvo deste ano é de 3%, com teto de 4,5%.

A chance de a inflação ficar abaixo do piso da meta, de 1,5%, continuou em zero. Para 2025, a probabilidade de o IPCA superar o teto da meta passou de 21% para 28% e a chance de furar o piso foi revisada de 9% para 6%. Em 2026, o BC revisou a chance de a taxa superar o teto (17% para 19%) e furar o piso (11% para 10%)

O BC estima IPCA de 4,3% em 2024, 3,7% em 2025 e 3,3% em 2026, considerando o cenário de referência, com a trajetória de Selic embutida no relatório Focus e a evolução do câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC).