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Barroso: Atentado reforça necessidade de responsabilizar todos que atentem contra democracia

Na avaliação do ministro, o episódio de de quarta-feira “se soma ao que já vinha ocorrendo no país nos últimos anos.

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15 de novembro de 2024
Vinicius Palermo
Barroso: Atentado reforça necessidade de responsabilizar todos que atentem contra democracia
Barroso falou na abertura da sessão plenária na tarde desta quinta-feira, a primeira após um homem lançar explosivos contra o Supremo e no estacionamento da Câmara, na noite de quarta-feira

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse nesta quinta-feira, 14, que o atentado que ocorreu nesta quarta, 13, na Praça dos Três Poderes “reforça a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”. Na avaliação do ministro, o episódio de de quarta-feira “se soma ao que já vinha ocorrendo no país nos últimos anos.

Barroso falou na abertura da sessão plenária na tarde desta quinta-feira, a primeira após um homem lançar explosivos contra o Supremo e no estacionamento da Câmara, na noite de quarta-feira. Ele morreu em meio às explosões. “Abro esta sessão com uma fala institucional que preferiria muito não ter que fazer”, disse o ministro. “E apesar de ainda estarmos no calor dos acontecimentos e no curso das apurações, nós precisamos – como País e como sociedade – fazer uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo entre nós”. “Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência? Estamos importando mercadorias espiritualmente defeituosas de outros países que se desencontraram na história”, questionou.

O magistrado citou os artefatos encontrados pela Polícia Federal (PF) na casa alugada pelo homem em Ceilândia (DF) e disse que esse fato “mostra o nível de periculosidade das pessoas com as quais estamos lidando”.

O ministro Alexandre de Moraes, que será relator do inquérito que investiga o atentado de ontem no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que pessoas que praticam atos como esses são “negacionistas do estado de direito” e que “serão responsabilizados”. Ele lamentou o que chama de “mediocridade” de pessoas que banalizam “um gravíssimo ato terrorista” e que dizem que a explosão foi “mero suicídio”.

“A nossa polícia judicial evitou que ele entrasse aqui para explodir, e na hora que ele seria preso, aí ele se explodiu. Essa mediocridade pretende normalizar o contínuo ataque às instituições. Essas pessoas não são negacionistas só na área da saúde, mas do estado de direito e devem ser responsabilizadas, serão responsabilizadas”, destacou.

“No mundo todo, alguém que coloca na cintura artefatos para explodir pessoas é considerado terrorista”, complementou o ministro.

Dino

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), prestou solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes, alvo do chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que lançou bombas no prédio da Corte.
O autor do atentado a bomba à sede do Supremo, segundo investigações, tinha como alvo Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.

Durante a sessão desta quinta-feira (14), Dino comentou as explosões ocorridas na frente da sede do tribunal. “Infelizmente, há uma personalização de certas decisões do tribunal, que levam a ódios especialmente concentrados. Quero consignar minha solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes e sua família, uma vez que foram localizados documentos em que há uma destinação especial ao ministro”, afirmou.

Flávio Dino classificou como “lenda” acreditar que Moraes decide, individualmente, os casos que relata, sem o aval dos demais ministros.

“O ministro Alexandre de Moraes decide junto com o colegiado. É vã a ideia de que alguém, monocraticamente, decide os rumos do tribunal. Não existe essa pessoa. Moraes decide com o colegiado. Isso entrou no rol da mitologia negativa do discurso político no Brasil. Isso é uma lenda”, disse.

Dino também garantiu que o Supremo não vai ser emparedado por gritos e xingamentos. “Além de ser inútil, é algo que acaba estimulando que pessoas desatinadas acabem se agregando na internet para perpetração de crimes. Por isso mesmo, aqueles que têm mais poder jurídico têm mais responsabilidade com os destinos do debate público no Brasil”, completou.