A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que tinha previsão de lançamento na abertura da cúpula do G20, nesta segunda-feira (18), já teve adesão de 82 países. A proposta foi idealizada pelo Brasil com o objetivo de acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza, prioridades centrais nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O desafio é enorme, pois 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023, ou 9% da população mundial, de acordo com o último relatório apresentado em julho pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e outras agências da ONU.
Entre os países que já aderiram estão todos os integrantes do G20. Apenas a Argentina ainda não havia anunciado a adesão até a manhã desta segunda-feira, mas o país decidiu aderir de última hora e se tornou fundador do grupo.
Além dos países, anunciaram a adesão as uniões Europeia e Africana, que são membros do bloco, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.
A adesão, que começou em julho e segue aberta, é formalizada por meio de uma declaração, que define compromissos gerais e específicos, os quais são alinhados com prioridades e condições específicas de cada signatário.
Entre as ações estão os “Sprints 2030”, que são uma tentativa de erradicar a fome e a pobreza extrema por meio de políticas e programas em grande escala.
A Aliança Global espera alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030, expandir as refeições escolares de qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas e arrecadar bilhões em crédito e doações por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas.
A Aliança terá governança própria vinculada ao G20, mas que não será restrita às nações que integram o grupo.
A administração ficará a cargo de um Conselho de Campeões e pelo Mecanismo de Apoio. O sistema de governança deverá estar operacional até meados de 2025. Até lá, o Brasil dará o suporte temporário para funções essenciais.
Na sexta-feira, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou uma contribuição financeira de até US$ 25 bilhões (cerca de R$ 144 bilhões) para apoiar programas “para acelerar o progresso na luta contra a fome e a pobreza entre 2025 e 2030”.
Especificamente, a Aliança pretende atingir 500 milhões de pessoas em nações de baixa e média renda com programas de transferência de renda, expandir a alimentação escolar de “alta qualidade” para 150 milhões de crianças em nações com pobreza infantil e fome endêmica e ajudar pequenos agricultores.
A iniciativa “pode ser um ponto de virada na luta contra a fome e a pobreza extrema (…), mas deve ir além”, “abordando urgentemente os impactos devastadores da mudança climática sobre os sistemas alimentares no Sul global”, reagiu a Oxfam em um comunicado.
O governo nigeriano, que já tem o maior programa de merenda escolar da África, comprometeu-se a dobrar o número de beneficiários de 10 milhões para 20 milhões de crianças, adquirindo alimentos de pequenos agricultores locais.
A Indonésia lançará um novo programa de refeições escolares gratuitas em janeiro de 2025, com o objetivo de atingir 78,3 milhões de crianças em idade escolar até 2029.