A comunicação feita para informar acerca de questões técnicas de determinada área de conhecimento é válida para esclarecer pontos que muitas vezes passam despercebidos pela opinião pública. Houve tempo em que a compreensão geral era inteiramente pautada pelas opiniões de quem tinha o poder de as propagar.
O acesso à informação nos usos de tecnologias tanto para pesquisar novas fontes, quanto até mesmo para obter livros de maneira digital é um dos fatores que contribuem para que as pessoas obtenham informações de maneira isenta. A facilidade em ter acesso às informações, por si só, não resolve tantas questões, tendo em vista que é preciso uma vontade e uma capacidade de compreender a diferença entre opiniões e fatos e evitar bloqueios a determinadas fontes, que podem causar grande desinformação.
É importante também o papel do profissional de cada área em se comprometer a transmitir informação e questões técnicas de maneira mais clara e simples, com uma linguagem acessível a todos, e que este profissional encontre receptores atentos à sua mensagem, que busquem verdadeiramente obter conhecimento, analisar e questionar as informações que recebe, a ponto de estabelecer uma visão crítica e racional sobre elas.
Uma população verdadeiramente informada procura ler além do que está escrito, procura perceber o contexto e as entrelinhas, o que se diz e o que se quer dizer. Este é um tempo em que não basta ser uma fonte até então confiável, é preciso mesmo fazer uma análise de toda a informação apresentada, da possibilidade de comprovar os fatos ali relatados.
Em regra, grande parte da população não termina de ler um texto completo. As pessoas costumam consumir apenas as manchetes de cada artigo/reportagem e isso dificulta a real compreensão do que se está a tratar, pode causar até mesmo de falhas na comunicação e no objetivo final da mensagem. Muita informação sendo colocada a todo momento de maneira superficial e com fácil acesso acaba por deturpar o sentido do verdadeiro acesso à informação e se torna um acesso rápido a apenas uma parte de uma informação que deveria ser completa.
Neste ponto, a culpa é mesmo do leitor que não quer ter esforço para obter conhecimento e acaba por propagar um título sem perceber seu real significado. A desinformação também parte de quem não quer entender o que se diz, que não pretende se aprofundar no tema quando o título do artigo já convence e traduz um sentimento pessoal. Quando o emissor da notícia é uma fonte que costuma agradar, já não se faz necessária uma averiguação quanto ao que é dito daquela vez.
E assim, a era da desinformação se forma tanto por quem quer transmitir opiniões disfarçadas de meias-verdades com aparência de fatos, como por leitores que querem ouvir o que convém e não exatamente a verdade. A tecnologia permite a rápida comunicação e a ampla propagação de informações, mas ainda não consegue prever e lidar com a parte humana da equação, aliás, nem deve, tendo em vista que qualquer controle acerca do que se diz e quanto ao que se entende será uma censura, e esta deve ser firmemente repelida.
O excesso de fontes, as diferentes opiniões, os fatos em si, com dados e fontes conhecidas devem ser apresentados, é importante que haja um verdadeiro acesso à informação e uma diversidade de emissores. Mas cabe também aos responsáveis atuar de maneira ética, evidenciando o que é opinião e o que é fato, a descrição de um fato sem tendenciar interpretações. Cabe também ao receptor, querer ler e compreender o que se escreve ou diz, cabe a todos dispensar tempo para realmente compreender a notícia. A desinformação acaba por ser responsabilidade de quem não cuida de entender as notícias apresentadas, de quem se contenta em ler/ouvir o que quer, sem procurar a veracidade do que se escreve/fala. O verdadeiro acesso à informação fica por conta da verdadeira disposição em conhecer a verdade que está ao alcance de quem a procura.
Suellen Escariz – Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra, servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – Instagram