Economia
Inflação

BC afirma que ritmo de ajustes será ditado pela convergência

O documento do Banco Central também ressaltou que os próximos passos dependerão da evolução da dinâmica da inflação

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26 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
BC afirma que ritmo de ajustes será ditado pela convergência
O Banco Central informou, no Relatório Trimestral de Inflação, que considera o seu balanço de riscos para a inflação como um "instrumento de comunicação da política monetária".

O Banco Central voltou a enfatizar no Relatório Trimestral de inflação (RTI) divulgado na quinta-feira, 26, que o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo iniciado serão ditados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

O documento também ressaltou que os próximos passos dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

A mensagem já tinha sido passada anteriormente pela instituição por meio de outros documentos oficiais, como o comunicado após a decisão de política monetária, na semana passada, e na ata do encontro, divulgada na terça-feira, 24. “Em virtude das incertezas envolvidas, o Comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”, enfatizou.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o colegiado decidiu por unanimidade elevar a taxa básica Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano.

O Banco Central informou, no Relatório Trimestral de Inflação, que considera o seu balanço de riscos para a inflação como um “instrumento de comunicação da política monetária”.

Segundo a instituição, nem todos os riscos analisados pelo Copom são divulgados. “O Comitê avalia, seleciona e comunica aqueles fatores de riscos que entende como mais substantivos para a dinâmica da inflação no horizonte relevante, considerando a probabilidade de ocorrência e seu impacto sobre a economia”, informou o BC.

O Banco Central revisou as suas estimativas para o hiato do produto pela segunda vez consecutiva no Relatório Trimestral de Inflação. A estimativa para o segundo e o terceiro trimestres deste ano passou para 0,5%, indicando que a economia está crescendo acima da sua capacidade. Antes, estavam em zero e -0,2%, respectivamente. A projeção para o último trimestre de 2024 também subiu, de -0,4% também para o campo positivo, em 0,3%.

Para o primeiro trimestre de 2026, o BC estimou que o hiato estará em queda de 0,3%. “Nas projeções do hiato do produto, as condições monetárias restritivas desempenham papel fundamental na redução dos níveis projetados”, trouxe o RTI. “Ressalta-se que, em virtude da elevada incerteza existente nas estimativas do hiato do produto, o Copom avalia projeções com diferentes estimativas e cenários para essa variável”, continuou o documento.

No comunicado e na ata da última reunião do Copom, o BC já havia informado que o maior dinamismo dos indicadores de atividade e do mercado de trabalho levaram a uma revisão do hiato para o campo positivo. A possibilidade de uma inflação de serviços mais alta, devido ao hiato positivo, foi mencionada como um risco para cima no balanço.

O hiato do produto é uma variável não-observável que mede o grau de ociosidade da economia.  A estimativa da autoridade monetária para a taxa neutra de juros foi mantida em 4,75%. O BC enfatizou que, em sendo uma variável não observável sujeita a elevada incerteza na sua mensuração, a instituição utiliza várias metodologias para a estimação da taxa neutra. “No processo de análise e decisão, são também considerados cenários alternativos de inflação com diferentes valores para a taxa neutra”, enfatizaram.